Taxa de 2011 é a maior desde criação da
moeda comum; Espanha, com 22,9% sem ocupação, tem o pior índice
Divulgação dos dados ocorreu um dia após
líderes europeus terem aprovado pacto de austeridade fiscal
Rodrigo Russo
A taxa de desemprego nos 17 países que integram a
zona do euro chegou no ano passado ao maior nível desde a criação da moeda:
10,4% da população economicamente ativa, divulgou ontem o órgão oficial de estatísticas
da União Europeia.
Quando considerados todos os 27 países do bloco, o
índice fica em 9,9%.
Em comparação com o fim de 2010, houve um aumento
de 751 mil desempregados na zona do euro, cujo índice era de 10%; na União
Europeia, o aumento foi de 923 mil pessoas, e o índice era de 9,5%.
As estatísticas mostram que há disparidades muito
grandes entre os países do bloco, onde há cerca de 23,8 milhões de pessoas sem
emprego, e aumentam o temor de recessão.
A Alemanha é um dos países com menor índice de
desemprego: 5,5%. As menores taxas são as de Áustria (4,1%), Holanda (4,9%) e
Luxemburgo (5,2%).
Por sua vez, a Grécia, que negocia com seus
credores a redução do total de sua dívida, teve o maior salto no desemprego em
comparação com o ano anterior: passou de 13,9% para 19,2%. Seu índice é
inferior apenas ao da Espanha, onde há 22,9% de desempregados.
Jovens
Alemanha (7,8%), Áustria (8,2%) e Holanda (8,6%)
detêm as menores taxas de desemprego entre jovens, enquanto Espanha (48,7%) e
Grécia (47,2%) apresentam quase metade desse segmento da população sem nenhuma
ocupação.
O anúncio das estatísticas veio no dia seguinte ao
encontro dos líderes europeus em Bruxelas, onde eles aprovaram, sob a liderança
da premiê alemã, Angela Merkel, o Mecanismo Europeu de Estabilidade, os termos
do pacto de austeridade fiscal e adotaram discurso de crescimento e criação de
empregos.
A questão é como os governos conciliarão medidas
para aumentar a disciplina orçamentária e estímulos ao crescimento econômico.
O tratado prevê sanções de até 0,1% do PIB do país
que não cumprir as regras fiscais.
O Reino Unido e a República Tcheca foram os únicos
países que não aderiram ao acordo europeu.
Em discurso aos líderes no início da reunião, o
presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz, defendeu a adoção de um
imposto de 0,05% sobre transações financeiras na zona do euro e a emissão de
papéis de dívida pública conjunta, os chamados "eurobonds", para
estabilizar a crise financeira.
No próximo encontro do Conselho Europeu, em março,
quando o pacto fiscal será assinado, o tema do emprego deve ser central, mas a
resposta precisa ser mais efetiva do que a de anteontem.
Desemprego na Europa
União Européia
|
Zona do Euro
|
Áustria
|
Alemanha
|
Itália
|
França
|
Portugal
|
Grécia
|
Espanha
|
9,9
|
10,4
|
4,1
|
5,5
|
8,9
|
9,9
|
13,6
|
19,2
|
22,9
|
Situação em outras regiões
Reino Unido
|
Brasil
|
EUA
|
8,4
|
4,7
|
8,5
|
Fontes: Eurostat, Cia Factbook, DNS e IBGE
Rodrigo Russo – 01.02.2012
IN “Folha de São Paulo” – http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/23456-desemprego-vai-a-104-na-zona-do-euro-e-bate-recorde.shtml