É verdade que o uso da
máquina por aqueles que estão no cargo se torna um fator que desequilibra a
disputa. Ora, diante disso, o que os deputados federais decidiram? Optarão por
extinguir a reeleição, em vez de limitar o uso da máquina. (...)
Quando não há reeleição, e
isso já está longe em nossa memória, pois antecede 1998, aquele que ocupa o
cargo não tem motivos para ser um bom administrador. Há quem recorra ao argumento
de que o governante quer eleger o sucessor. Nada disso. O sucessor e aliado de
hoje é o futuro adversário e inimigo político. (...)
Muitos se recordam vivamente
dos tempos em que prefeitos e governadores, na impossibildiade de disputarem a
reeleição, agiam de maneira a inviabilizar o mandato de seus sucessores
deixando dívidas e passivos de todos os tipos.
Alberto Carlos Almeida
Os
legisladores, no âmbito da Câmara dos Deputados, aprovaram em primeiro turno o
fim da reeleição. Tratase de um erro crasso quando se refere à reofrma de
nossas instituições políticas. Crasso, em latim, significa gordo, espesso. Era também
o sobrenome do general romano Marco Licinius, que, acreditando na pura e
simples superioridade numérica de seu exército, atacou um povo persa que
impedia a expansão de Roma sem considerar as táticas militres que já haviam
sido testadas e aprovadas pelo Império que ele representava. Crasso acabou
sendo derrotado.
Convencionou-se
afirmar que a reeleição de Dilma desmoralizou o instituto da reeleição.
Considerando-se verdadeiro o argumento, os deputados decidiram modificar uma
legislação que tem amplo impacto positivo no funcionamento do sistema com o um
todo por causa de apenas um caso. Se realmente o motivo foi esse, trata-se de
algo lastimável. Alguns afirmam que os malefícios da reeleição vão além da
eleição presidencial de 2014 e se aplicam a todas as eleições, para
governadores e prefeitos. Dizem eles que o uso da máquina se tornou abusivo e
que os ocupantes do Poder Executivo, no nível estadual ou municipal, levam
grande vantagem sobre seus opositores.
(...)
Para continuar a leitura, acesse http://www.valor.com.br/cultura/4090328/o-equivoco-do-fim-da-reeleicao
Alberto Carlos Almeida
– Cientista Político – 12.06.2015
IN
Valor Econômico, versão impressa.