Reginaldo Moraes – “a classe trabalhadora
nunca foi tão de esquerda como se fala. Mesmo em bairros operários na França,
Itália, Alemanha etc., onde o voto se alinha com os sindicatos e os partidos
socialistas e comunistas, sempre houve um forte voto de direita.
(...)
A direita percebeu que a
globalização, a deslocalização das empresas e a migração de empregos eram
pontos fracos que poderiam ser explorados; e preparou um discurso para os
trabalhadores precarizados e desempregados. Na Inglaterra, por exemplo, o
discurso dos “nacionais” contra os imigrantes foi muito utilizado. Muitos
compraram a ideia de que os imigrantes estavam roubando os empregos. Um
discurso eficaz e muito usado pela direita de Marie Le Pen (França) a Donald Trump
(EUA).
A questão central é que,
em todos esses casos, houve muito menos uma migração dos votos da classe
trabalhadora para a direita e muito mais um alheamento dessa classe que optou
em não fazer nada, ou seja, não votar nem na direita, nem na esquerda”.
Tatiana Carlotti
A nova configuração da classe trabalhadora neste início de século e o
impacto de suas transformações na vida política, luta social e confronto de
classes são analisadas em Capitalismo, classe trabalhadora e luta política no
início do século XXI, pelos professores Marcio Pochmann (UNICAMP) e Reginaldo
Carmelo Corrêa de Moraes (UNICAMP / INCT-Ineu).
Recém lançada pela Fundação Perseu Abramo (acesse a íntegra aqui), a obra
investiga as características da classe trabalhadora em quatro países – Brasil,
Inglaterra, França e Estados Unidos – e problematiza os desafios dos
trabalhadores em meio à crise capitalista iniciada em 2008.
Trata-se de um dos mais completos diagnósticos da classe trabalhadora
contemporânea. O livro é, também, o primeiro de uma trilogia que trará um
segundo volume sobre os capitalistas e detentores de poder e riqueza, e um
terceiro sobre as “classes médias”.
Em entrevista ao nosso site, o professor Reginaldo Moraes conta sobre o
livro e traz um alerta: “Não se trata apenas de compreender o que mudou, mas de
encarar essas transformações pensando em como atuar nesse processo. O livro não
traz nenhuma receita mágica, até porque a solução terá de ser encontrada pelos
agentes envolvidos, de acordo com a realidade de suas regiões”.
(...)
Para continuar a leitura, acesse https://www.cartamaior.com.br/?%2FEditoria%2FPolitica%2F-O-objetivo-da-direita-e-expulsar-a-classe-trabalhadora-da-politica-%2F4%2F38962#.WjAPxzkt9Vw.facebook
Tatiana Carlotti – 12.12.2017.
Reginaldo Moraes – Cientista Político e Professor, Pesquisador do INCT-INEU.
IN Carta Maior