quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

O objetivo da Direita é expulsar a classe trabalhadora da política



Reginaldo Moraes – “a classe trabalhadora nunca foi tão de esquerda como se fala. Mesmo em bairros operários na França, Itália, Alemanha etc., onde o voto se alinha com os sindicatos e os partidos socialistas e comunistas, sempre houve um forte voto de direita.
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A direita percebeu que a globalização, a deslocalização das empresas e a migração de empregos eram pontos fracos que poderiam ser explorados; e preparou um discurso para os trabalhadores precarizados e desempregados. Na Inglaterra, por exemplo, o discurso dos “nacionais” contra os imigrantes foi muito utilizado. Muitos compraram a ideia de que os imigrantes estavam roubando os empregos. Um discurso eficaz e muito usado pela direita de Marie Le Pen (França) a Donald Trump (EUA).
A questão central é que, em todos esses casos, houve muito menos uma migração dos votos da classe trabalhadora para a direita e muito mais um alheamento dessa classe que optou em não fazer nada, ou seja, não votar nem na direita, nem na esquerda”.

Tatiana Carlotti
A nova configuração da classe trabalhadora neste início de século e o impacto de suas transformações na vida política, luta social e confronto de classes são analisadas em Capitalismo, classe trabalhadora e luta política no início do século XXI, pelos professores Marcio Pochmann (UNICAMP) e Reginaldo Carmelo Corrêa de Moraes (UNICAMP / INCT-Ineu).
Recém lançada pela Fundação Perseu Abramo (acesse a íntegra aqui), a obra investiga as características da classe trabalhadora em quatro países – Brasil, Inglaterra, França e Estados Unidos – e problematiza os desafios dos trabalhadores em meio à crise capitalista iniciada em 2008.
Trata-se de um dos mais completos diagnósticos da classe trabalhadora contemporânea. O livro é, também, o primeiro de uma trilogia que trará um segundo volume sobre os capitalistas e detentores de poder e riqueza, e um terceiro sobre as “classes médias”.
Em entrevista ao nosso site, o professor Reginaldo Moraes conta sobre o livro e traz um alerta: “Não se trata apenas de compreender o que mudou, mas de encarar essas transformações pensando em como atuar nesse processo. O livro não traz nenhuma receita mágica, até porque a solução terá de ser encontrada pelos agentes envolvidos, de acordo com a realidade de suas regiões”.
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Tatiana Carlotti – 12.12.2017.
Reginaldo Moraes – Cientista Político e Professor, Pesquisador do INCT-INEU.
IN Carta Maior