Martin Hilbert – “Porque a democracia representativa, como a
inventaram nos EUA, é um processo de filtrar informação. Há 250 anos era
impossível consultar todas as pessoas e as pessoas tampouco estavam informadas.
Então os ‘pais fundadores’ da nação americana inventaram um filtro de
informação que chamaram de representação: ter representantes que em seu nome
deliberam e definem o que serve à sociedade. Rompemos isso completamente.
Os representantes hoje podem ter acesso a tudo o que os cidadãos
fazem. E os cidadãos podem ditar a vida dos representantes, com tuítes e outros
recursos. A democracia representativa não está preparada para isso.
(...)
É preciso refletir e reinventar a democracia representativa. Caso
contrário, ela pode facilmente se converter em ditadura da informação”.
Gerardo Lissardy
Quando Martin Hilbert calcula o volume de informação que há no mundo,
causa espanto. Quando explica as mudanças no conceito de privacidade, abala. E
quando reflete sobre o impacto disso tudo sobre os regimes democráticos,
preocupa.
"Isso vai muito mal", adverte Hilbert, alemão de 39 anos,
doutor em Comunicação, Economia e Ciências Sociais, e que investiga a disponibilidade
de informação no mundo contemporâneo.
Segundo o professor da Universidade da Califórnia e assessor de
tecnologia da Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos, o fluxo de dados
entre cidadãos e governantes pode nos levar a uma "ditadura da
informação", algo imaginado pelo escritor George Orwell no livro 1984.
(...)
Gerardo Lissardy – 09.04.2017.
IN BBC Mundo em Nova York.