Um dos capitães
daquele abril de 1974 lembra a Revolução dos Cravos, que nesta sexta-feira
completa 40 anos.
Antonio Jiménez Barca
Era 24 de abril de 1974 e Portugal definhava sob uma ditadura que durava
mais de 50 anos. Naquela manhã, no quartel da Escola Prática de Cavalaria, em
Santarém, 70 quilômetros ao norte de Lisboa, o capitão José Salgueiro Maia
encontrou o tenente-substituto Carlos Beato (então com 27 anos) e disse a ele,
em segredo:
— Rapaz Beato, é esta noite.
O que aconteceria naquela noite foi um levante organizado por um grupo
de capitães e jovens oficiais portugueses com o objetivo de derrubar a ditadura
de Marcelo Caetano, instaurar a democracia em Portugal e acabar com uma guerra
colonial em Angola e Moçambique completamente impossível de vencer do ponto de
vista militar.
“E eu, claro, quando ouvi o capitão Maia me dizendo que tudo ia
acontecer e que seria naquele dia, senti um calafrio que me congelou. Você pode
imaginar: uma coisa é conspirar e outra diferente é saber que tudo vai começar
em horas”, diz Beato, de 67 anos.
(...)
Para
continuar a leitura, acesse: http://brasil.elpais.com/brasil/2014/04/24/internacional/1398366831_081581.html
Uma revolução em 24 horas
§ Em
24 de abril de 1974, um grupo de militares, o Movimento das Forças Armadas
(MFA), liderado por Otelo Saraiva de Carvalho, instala em segredo um posto de
comando no quartel da Pontinha, em Lisboa. Às 22h55 é transmitida a canção E
depois do Adeus, de Paulo de Carvalho, na rádio Emissores Associados de
Lisboa.
§ O
segundo sinal combinado para começar a revolução,Grândola, Vila Morena,
de José Afonso, uma canção proibida pelo regime, é transmitida pela Rádio
Renascença à 0h25 do dia 25 de abril. A partir da uma hora da madrugada, os
quartéis das principais cidades do país (Porto, Santarém, Braga, Faro) se
juntam ao MFA, fecham o espaço aéreo e tomam portos e aeroportos. Ao amanhecer,
o Governo perdeu o controle de quase todo o país.
§ O
primeiro-ministro Marcelo Caetano se rende aos rebeldes às 17h45. Apesar disso,
a polícia política PIDE mata a tiros quatro manifestantes civis às 20h00.
§ À
1h00 do dia 26 de abril, a televisão e rádio públicos apresentam as autoridades
do MFA.
(Este conteúdo aparece em quadro
anexo à mesma reportagem).
Antonio Jiménez Barca – 25.04.2014
IN El País Internacional – Lisboa.
Os 40 anos da Revolução
dos Cravos, que
pôs fim a 48 anos de ditadura em Portugal
A Revolução dos Cravos
será celebrada com eventos culturais e conferências, promovidos pela
Presidência da República, o parlamento e os partidos.
Milton Ribeiro
Durou décadas a ditadura em Portugal. A rigor, foram 48 anos entre os
anos de 1926 e 1974. Só Antônio de Oliveira Salazar governou por 36 anos, entre
1932 e 1968, e a Constituição de 1933, que implantou o Estado Novo nos moldes
do fascismo italiano com seu Partido Único, permaneceu até o último da
ditadura, tendo durado 41 anos.
A ditadura acabou em 25 de abril de 1974 numa revolução quase sem tiros.
Morreram apenas quatro pessoas pela ação da DGS (Direção-Geral de Segurança),
ex-PIDE (Polícia Internacional e de Defesa do Estado), espécie de DOPS
português. A adesão aos militares que protagonizaram o golpe na ditadura foi
tão grande que as cinco mortes mais pareceram um desatino final. O nome de
“Revolução dos Cravos” foi devido a um ato simbólico tomado por uma simples
florista. Ela iniciou uma distribuição de cravos vermelhos a populares e estes
os ofereceram aos soldados, que os colocaram nos canos das espingardas.
Tudo fora bem planejado. A ação começou em 24 de abril de forma musical.
Um grupo militar anti-salazarista instalou-se secretamente em um posto no
quartel da Pontinha, em Lisboa. Então, às 22h55, foi transmitida por uma
estação de rádio a cançãoE depois do adeus, de Paulo de Carvalho. Este era o
sinal para todos tomarem seus postos. Aos 20 minutos do dia 25, outra emissora
apresentou Grândola, Vila Morena, de José Alfonso. Ao contrário da
primeira canção, que era bastante popular, Grândola estava proibida,
pois, segundo o governo, era uma clara alusão ao comunismo.
(...)
Para continuar a leitura,
acesse: http://www.sul21.com.br/jornal/os-40-anos-da-revolucao-dos-cravos-que-pos-fim-a-48-anos-de-ditadura-em-portugal/
Milton Ribeiro- 25.04.2014
IN Sul21.
A democracia que falta, segundo Mário
Soares
Mário Soares –
"Por que o atual governo procede de forma antidemocrática, destruindo o
Estado social, o Serviço Nacional de Saúde, bem como a Justiça, dado que os
corruptos estão todos impunes. As grandes desigualdades sociais são o produto
do atual governo, para o qual só conta a Troika [Comissão Europeia, Banco
Central Europeu e Fundo Monetário Internacional]. Também a União Europeia, que
perdeu, com a chanceler [Angela] Merkel [da Alemanha], a solidariedade entre os
Estados europeus. (...) Nos
primeiros 37 anos, tudo mudou para incomparavelmente melhor. Nos últimos três
anos, tudo mudou, do que se conseguiu e foi imenso, com o atual governo, mas
para pior”.
Francisco Goes
Mário Soares, ex-presidente e ex-primeiro ministro
de Portugal, já foi descrito, em seu país, como "pai da democracia".
Em 1974, foi um dos líderes que surgiram com a Revolução dos Cravos, conduzida
pelos militares. Em 2014, prestes a completar 90 anos - em 7 de dezembro -,
Soares continua em atividade. Escreve todas as semanas no "Diário de Notícias",
de Lisboa, e preside a Fundação que leva seu nome. "Apesar de não
desempenhar nenhum cargo no PS [Partido Socialista], mantém enorme influência
no partido e continua a ser escutado pela opinião pública", diz o
historiador David Castaño, autor do livro "Mário Soares e a
Revolução".
Nesta entrevista ao Valor, Soares
mostra preocupação com os rumos da democracia e o regime de austeridade a que a
economia do país foi submetida. "Como diz o papa Francisco, [a
austeridade] mata."
(...)
Para continuar a leitura, acesse: http://www.valor.com.br/cultura/3526258/democracia-que-falta-segundo-mario-soares#ixzz3060UEchf
Francisco Goes – 25.04.2014
IN Valor Econômico.