quarta-feira, 30 de abril de 2014

Rapaz, a Revolução dos Cravos é esta noite”


 
Um dos capitães daquele abril de 1974 lembra a Revolução dos Cravos, que nesta sexta-feira completa 40 anos.

Antonio Jiménez Barca
Era 24 de abril de 1974 e Portugal definhava sob uma ditadura que durava mais de 50 anos. Naquela manhã, no quartel da Escola Prática de Cavalaria, em Santarém, 70 quilômetros ao norte de Lisboa, o capitão José Salgueiro Maia encontrou o tenente-substituto Carlos Beato (então com 27 anos) e disse a ele, em segredo:
— Rapaz Beato, é esta noite.
O que aconteceria naquela noite foi um levante organizado por um grupo de capitães e jovens oficiais portugueses com o objetivo de derrubar a ditadura de Marcelo Caetano, instaurar a democracia em Portugal e acabar com uma guerra colonial em Angola e Moçambique completamente impossível de vencer do ponto de vista militar.
“E eu, claro, quando ouvi o capitão Maia me dizendo que tudo ia acontecer e que seria naquele dia, senti um calafrio que me congelou. Você pode imaginar: uma coisa é conspirar e outra diferente é saber que tudo vai começar em horas”, diz Beato, de 67 anos.
(...)
Para continuar a leitura, acesse: http://brasil.elpais.com/brasil/2014/04/24/internacional/1398366831_081581.html




 Uma revolução em 24 horas
 §  Em 24 de abril de 1974, um grupo de militares, o Movimento das Forças Armadas (MFA), liderado por Otelo Saraiva de Carvalho, instala em segredo um posto de comando no quartel da Pontinha, em Lisboa. Às 22h55 é transmitida a canção E depois do Adeus, de Paulo de Carvalho, na rádio Emissores Associados de Lisboa.
 §  O segundo sinal combinado para começar a revolução,Grândola, Vila Morena, de José Afonso, uma canção proibida pelo regime, é transmitida pela Rádio Renascença à 0h25 do dia 25 de abril. A partir da uma hora da madrugada, os quartéis das principais cidades do país (Porto, Santarém, Braga, Faro) se juntam ao MFA, fecham o espaço aéreo e tomam portos e aeroportos. Ao amanhecer, o Governo perdeu o controle de quase todo o país.
 §  O primeiro-ministro Marcelo Caetano se rende aos rebeldes às 17h45. Apesar disso, a polícia política PIDE mata a tiros quatro manifestantes civis às 20h00.
 §  À 1h00 do dia 26 de abril, a televisão e rádio públicos apresentam as autoridades do MFA.
    (Este conteúdo aparece em quadro anexo à mesma reportagem).


Antonio Jiménez Barca – 25.04.2014
IN El País Internacional – Lisboa.






Os 40 anos da Revolução dos Cravos, que
 pôs fim a 48 anos de ditadura em Portugal

A Revolução dos Cravos será celebrada com eventos culturais e conferências, promovidos pela Presidência da República, o parlamento e os partidos.

Milton Ribeiro
Durou décadas a ditadura em Portugal. A rigor, foram 48 anos entre os anos de 1926 e 1974. Só Antônio de Oliveira Salazar governou por 36 anos, entre 1932 e 1968, e a Constituição de 1933, que implantou o Estado Novo nos moldes do fascismo italiano com seu Partido Único, permaneceu até o último da ditadura, tendo durado 41 anos.
A ditadura acabou em 25 de abril de 1974 numa revolução quase sem tiros. Morreram apenas quatro pessoas pela ação da DGS (Direção-Geral de Segurança), ex-PIDE (Polícia Internacional e de Defesa do Estado), espécie de DOPS português. A adesão aos militares que protagonizaram o golpe na ditadura foi tão grande que as cinco mortes mais pareceram um desatino final. O nome de “Revolução dos Cravos” foi devido a um ato simbólico tomado por uma simples florista. Ela iniciou uma distribuição de cravos vermelhos a populares e estes os ofereceram aos soldados, que os colocaram nos canos das espingardas.
Tudo fora bem planejado. A ação começou em 24 de abril de forma musical. Um grupo militar anti-salazarista instalou-se secretamente em um posto no quartel da Pontinha, em Lisboa. Então, às 22h55, foi transmitida por uma estação de rádio a cançãoE depois do adeus, de Paulo de Carvalho. Este era o sinal para todos tomarem seus postos. Aos 20 minutos do dia 25, outra emissora apresentou Grândola, Vila Morena, de José Alfonso. Ao contrário da primeira canção, que era bastante popular, Grândola estava proibida, pois, segundo o governo, era uma clara alusão ao comunismo.
(...)
Para continuar a leitura, acesse: http://www.sul21.com.br/jornal/os-40-anos-da-revolucao-dos-cravos-que-pos-fim-a-48-anos-de-ditadura-em-portugal/



Milton Ribeiro- 25.04.2014
IN Sul21.





A democracia que falta, segundo Mário 
Soares

Mário Soares – "Por que o atual governo procede de forma antidemocrática, destruindo o Estado social, o Serviço Nacional de Saúde, bem como a Justiça, dado que os corruptos estão todos impunes. As grandes desigualdades sociais são o produto do atual governo, para o qual só conta a Troika [Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional]. Também a União Europeia, que perdeu, com a chanceler [Angela] Merkel [da Alemanha], a solidariedade entre os Estados europeus. (...) Nos primeiros 37 anos, tudo mudou para incomparavelmente melhor. Nos últimos três anos, tudo mudou, do que se conseguiu e foi imenso, com o atual governo, mas para pior”.

Francisco Goes
Mário Soares, ex-presidente e ex-primeiro ministro de Portugal, já foi descrito, em seu país, como "pai da democracia". Em 1974, foi um dos líderes que surgiram com a Revolução dos Cravos, conduzida pelos militares. Em 2014, prestes a completar 90 anos - em 7 de dezembro -, Soares continua em atividade. Escreve todas as semanas no "Diário de Notícias", de Lisboa, e preside a Fundação que leva seu nome. "Apesar de não desempenhar nenhum cargo no PS [Partido Socialista], mantém enorme influência no partido e continua a ser escutado pela opinião pública", diz o historiador David Castaño, autor do livro "Mário Soares e a Revolução".
Nesta entrevista ao Valor, Soares mostra preocupação com os rumos da democracia e o regime de austeridade a que a economia do país foi submetida. "Como diz o papa Francisco, [a austeridade] mata."
(...)




Francisco Goes – 25.04.2014
IN Valor Econômico.