Se conjunturas de crise como a de hoje trazem
oportunidades, também é nestas horas de bifurcação que os países podem perder o
bonde da história por longos períodos de tempo, caindo na vala comum do
“desenvolvimentismo preguiçoso”.
José Luis Fiori
Não
há nenhuma evidência histórica de que exista uma relação necessária e
monogâmica entre determinadas estratégias internacionais de poder e algum
estado, regime político ou modo de produção particular. Nem tampouco, com
alguma religião, fase do capitalismo ou classe social específica. Por isto, não
é possível deduzir uma política internacional de um catálogo genérico dos
interesses ou coalizões de classe. Como tampouco se pode atribuir - de forma
necessária e permanente - uma política econômica ortodoxa ou heterodoxa, a
alguma classe ou fração de classe exclusiva. Tudo dependerá, nos dois casos,
das circunstâncias históricas, políticas e geopolíticas específicas de cada
país.
O
sociólogo e economista austríaco, Karl Polanyi (1886-1964), foi quem propôs,
talvez, em 1944, a tese mais original e instigante sobre a existência de uma
“regularidade variável” e de longo prazo, na história do sistema interestatal e
do capitalismo, entre as estratégias internacionais dos países e suas politicas
econômicas e sociais, ou, de forma mais ampla, entre sua geopolítica e suas
classes sociais. Resumindo o argumento: Karl Polanyi identifica a recorrência
de um “duplo movimento” na história do capitalismo, que seria resultado da ação
permanente e contraditória de dois princípios organizadores das economias e
sociedades de mercado, cada um deles apontando para objetivos diferentes. Um
seria o “princípio do liberalismo” econômico que propõe, desde as origens do
sistema, a globalização ou universalização dos mercados autorregulados, através
da defesa permanente do laissez faire e do livre comércio. E o outro
seria o princípio da “autoproteção social”, uma reação defensiva que se
articula historicamente “não em torno de interesses de classes particulares,
mas em torno da defesa das “substâncias sociais ameaçadas pelos mercados”.
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Para continuar a leitura, acesse – http://cartamaior.com.br/templates/colunaMostrar.cfm?coluna_id=6255
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José Luis Fiori – Professor titular
de Economia Política Internacional da UFRJ e coordenador do Grupo de Pesquisa
do CNPQ/UFRJ "O Poder Global e a Geopolítica do Capitalismo". – 29.08.2013
IN Carta Maior.
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