MISSE – “O
estudo cobre bem os índices no entorno das escolas. Mas não controla as outras
variáveis que interferem na queda de criminalidade. Em São Paulo, a violência
vem caindo por pelo menos quatro fatores: reforma da polícia nos anos 2000;
política de encarceramento maciça; falta de conflito entre quadrilhas devido ao
monopólio de uma organização criminosa; e queda na taxa de jovens (maioria
entre vítimas e autores de crimes), pelo menor crescimento vegetativo”.
Para
Misse, a influência do programa não foi pela desigualdade:
— É um
erro supor que só pobres fornecem agentes para o crime; a maioria dos presos é
pobre, mas a maioria dos pobres não é criminosa. Creio que, no caso do Bolsa
Família, o que mais afetou a violência foi a criação de outra perspectiva para
esses jovens, que passaram a ter de estudar.
Alessandra Duarte e Sérgio Roxo
SÃO PAULO - A redução da desigualdade com o Bolsa
Família está chegando aos números da violência. Levantamento inédito feito na
cidade de São Paulo por pesquisadores da PUC-Rio mostra que a expansão do
programa na cidade foi responsável pela queda de 21% da criminalidade lá,
devido principalmente à diminuição da desigualdade, diz a pesquisa. É o
primeiro estudo a mostrar esse efeito do programa na violência.
Em 2008, o Bolsa Família, que até ali atendia a
famílias com adolescentes até 15 anos, passou a incluir famílias com jovens de
16 e 17 anos. Feito pelos pesquisadores João Manoel Pinho de Mello, Laura
Chioda e Rodrigo Soares para o Banco Mundial, o estudo comparou, de 2006 a
2009, o número de registros de ocorrência de vários crimes — roubos, assaltos,
atos de vandalismo, crimes violentos (lesão corporal dolosa, estupro e
homicídio), crimes ligados a drogas e contra menores —, nas áreas de cerca de
900 escolas públicas, antes e depois dessa expansão.
— Comparamos os índices de criminalidade antes e
depois de 2008 nas áreas de escolas com ensino médio com maior e menor
proporção de alunos beneficiários de 16 e 17 anos. Nas áreas das escolas com
mais beneficiários de 16 e 17 anos, e que, logo, foi onde houve maior expansão
do programa em 2008, houve queda maior. Pelos cálculos que fizemos, essa
expansão do programa foi responsável por 21% do total da queda da criminalidade
nesse período na cidade, que, segundo as estatísticas da polícia de São Paulo,
foi de 63% para taxas de homicídio — explica João Manoel Pinho de Mello.
(...)
Para continuar a leitura, acesse http://oglobo.globo.com/brasil/bolsa-familia-reduz-violencia-aponta-estudo-da-puc-rio-5229981#ixzz3CGIBxOO3
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Alessandra Duarte e Sérgio Roxo – 16.12.2012
IN O Globo.