comparações
só tem sentido, e permitem algum aprendizado, quando elas tomam em conta as
bases materiais concretas sobre as quais se sustentam e constroem estas
abstrações macroeconômicas.
Por
isto, tem pouca utilidade comparar o Brasil com estes pequenos países e seria
uma insensatez ainda maior propor que o Brasil seguisse o modelo de crescimento
destas verdadeiras "ilhas monoexportadoras". (...)
A
partir de agora - goste-se ou não --, este é o novo "grupo de
referência" do Brasil, e ao mesmo tempo, é o grupo dos países que disputam
com o Brasil os mercados mundiais.
José
Luís Fiori
Na década entre 2003 e 2012, a taxa média de
crescimento anual do PIB do Uruguai, Bolívia e Equador foi superior à taxa
média de crescimento do Brasil. E o mesmo aconteceu com a taxa de crescimento
das exportações destes três países, que também cresceu mais que o Brasil. Mais
do que isto, o Uruguai obteve a segunda maior taxa de crescimento da América do
Sul, superior às taxas do Chile e da Colômbia. E todos estes países seguirão
crescendo mais do que o Brasil no ano de 2104. Diferente do Chile, da Colômbia
e do Peru, o Uruguai pertence ao Mercosul, a Bolívia está ingressando e o
Equador está a caminho. Mas o que realmente pesa e interessa é que todos estes
países são pequenas economias exportadoras de commodities com baixíssimo grau
de industrialização e limitados mercados internos de consumo.

Por isto, tem pouca utilidade comparar o Brasil com
estes pequenos países e seria uma insensatez ainda maior propor que o Brasil
seguisse o modelo de crescimento destas verdadeiras "ilhas
monoexportadoras". A economia do Uruguai é do tamanho da de Santa Catarina,
e as do Chile e Peru são mais ou menos do tamanho da economia do Rio de
Janeiro. Comparar o Brasil com estes países seria como comparar um elefante com
um coelho, e copiar seu modelo de crescimento seria como tentar dirigir um
caminhão usando um manual de instruções de um patinete.
(...)
Para continuar a leitura, acesse http://www.valor.com.br/opiniao/3631522/retorica-da-comparacao#ixzz399dOy1zpin
José Luís Fiori – Professor
titular de economia política internacional da UFRJ – 30.07.2014
IN Valor
Econômico, versão impressa.