Enrique Dussel – “Começou a tomar consciência de que pode deixar de ser colônia. E esta primavera política, a dos governos populares, é a segunda emancipação. As revoluções de 1800 foram o primeiro movimento: uma quase independência política, militar, mas não mental, histórica e nem cultural. E entramos em um neocolonialismo do qual não saímos. Pela primeira vez na América Latina, de (Hugo) Chávez em diante, começa a ser levado a sério o tema de que seremos iguais aos Estados Unidos e Europa em um ou dois séculos de história. Não será em cinco dias, será um processo. Agora, também estamos caminhando com força porque já temos uma consciência nova, que não se cria por gênios teóricos, mas, ao contrário, é fruto de um processo e de uma história. Que eu possa dizer isto é resultado de que a América Latina está em outro nível de consciência. É a primeira vez que a ‘esquerda’, com muitas aspas, ou os progressistas começam a tentar fazer algo diferente “.
Astrid
Pikielny
“Minha terra natal é a Argentina, a
outra é o Brasil, mas a pátria grande é a América Latina. Sou um
latino-americanista”, disse Enrique Dussel (foto), pausadamente, em seu tom
híbrido, no qual ainda restam traços do mendocino (Mendoza, Argentina) que alguma
já teve.
Filósofo
argentino radicado, há quarenta anos, no México, Dussel deixou seu país natal
duas vezes. A primeira foi após passar pela Universidade de Cuyo. Ficou 10 anos
na Europa e seu pensamento crítico do eurocentrismo, afirmou, fez com que se
sentisse um estrangeiro em todas as partes: “A maioria dos professores ainda
são absolutamente eurocêntricos e em filosofia são helenocêntricos. Acreditam
que a filosofia nasceu em Atenas e os próprios Heródoto, Platão e Aristóteles
dizem que nossa filosofia surgiu no Egito”.
Voltou à
Argentina em 1968 e viajou por toda a América Latina. Nos anos 1970, junto com
outros intelectuais argentinos, fundou a Filosofia da Libertação. Esse
movimento comprometido com a emancipação dos oprimidos e relacionado com a
Teologia da Libertação, que começou uma reforma universitária em Mendoza, com
programas de estudo de filosofia mundial não eurocêntrica, fez com que ele se
tornasse alvo de ameaças e perseguições. “No dia 3 de outubro de 1973,
colocaram uma bomba em minha casa e começou a perseguição contra nós. Depois,
quando veio a intervenção de Oscar Ivanissevich, em março de 1975, retiraram-me
da universidade e fiquei desprotegido”.
(...)
Para continuar a leitura – e ler toda
a entrevista –, acesse http://cartamaior.com.br/?%2FEditoria%2FPolitica%2F-A-America-Latina-comecou-uma-nova-historia-que-eu-considero-irreversivel-%2F4%2F34315
Astrid Pikielny – 23.08.2015.
Enrique Dussel – Filósofo
argentino.
IN Carta Maior (publicado originalmente no La Nación, trad.
CEPAT).