quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Ajuste em meio à recessão é contraproducente



Pedro Paulo Zahluth Bastos “Não é verdade que o ajuste não foi contracionista, o impacto é imediato. Imagina você tirar 1% do PIB esperado, que foi o que eles fizeram até maio, concentrado em quatro meses. Não tem nenhum economista que tenha a cara dura de dizer que isso não tem impacto contracionista. E a partir desse 1% cortado, o que o consumidor, investidor pretendiam gastar é reduzido. Então tem um efeito multiplicador e é por isso que a economia vai contrair mais de 2%.
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Continuam incorrendo no mesmo erro. Graças à recessão, haverá um corte de arrecadação duas vezes maior do que o que eles haviam esperado economizar”.

Ligia Guimarães
Em novembro,de 2014, o professor associado do Instituto de Economia da Unicamp Pedro Paulo Zahluth Bastos, liderou um manifesto de economistas heterodoxos em apoio à presidente eelita. Dilma Roussef. Na petição, assinada por nomes como o do seu orientador de doutorado, Luiz Gonzaga Belluzzo, e pela economista Maria da Conceição Tavares, o grupo se opunha às propostas de austeridade fiscal defendidas, até então, por economistas e interlocutores do governo e da oposição. O argumento era que o corte de gastos seria um 'tiro no pé' porque desencadearia cenário que tampouco agradaria às agências de risco: levaria o país a uma profunda recessão, reduziria ainda mais a arrecadação de impostos e acabaria de derrubar o ânimo dos investidores.
Em fevereiro, decepcionado com as medidas que vieram com a nova equipe econômica, o economista veio a público em uma "revolta heterodoxa" para criticar a reviravolta de Dilma rumo à ortodoxia, comandada pelo ministro Joaquim Levy. À época, Bastos defendia que o governo comunicasse, com transparência, o abandono da meta de superávit primário de 1,2%, que teria sido baseada em projeções exageradamente otimistas de crescimento e arrecadação.
Em julho, a equipe econômica anunciou a redução da meta fiscal para esforço de 0,15%, seguida de corte adicional de R$ 8,6 bilhões no Orçamento. Para Bastos, a mudança na meta reflete a reação do governo à "resistência política" com que o ajuste foi recebido, mas ainda não é suficiente. "Os cortes que eles fizeram e continuam fazendo já são maiores do que era previsto e não houve reversão. Ajuste fiscal em meio à desaceleração é contraproducente". A seguir, os principais trechos da entrevista: 
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Para continuar a leitura – e ler toda a entrevista -, acesse http://www.valor.com.br/brasil/4166958/ajuste-em-meio-recessao-e-contraproducente






Pedro Paulo Zahluth Bastos – Economista e Professor da Unicamp.
Ligia Guimarães – 06.08.2015.
IN Valor Econômico, ed. impressa.