Pedro Paulo Zahluth Bastos – “Não é verdade
que o ajuste não foi contracionista, o impacto é imediato. Imagina você tirar
1% do PIB esperado, que foi o que eles fizeram até maio, concentrado em quatro
meses. Não tem nenhum economista que tenha a cara dura de dizer que isso não
tem impacto contracionista. E a partir desse 1% cortado, o que o consumidor,
investidor pretendiam gastar é reduzido. Então tem um efeito multiplicador e é
por isso que a economia vai contrair mais de 2%.
(...)
Continuam incorrendo no mesmo erro. Graças à recessão, haverá um corte
de arrecadação duas vezes maior do que o que eles haviam esperado economizar”.
Ligia Guimarães
Em novembro,de 2014, o
professor associado do Instituto de Economia da Unicamp Pedro Paulo Zahluth
Bastos, liderou um manifesto de economistas heterodoxos em apoio à presidente
eelita. Dilma Roussef. Na petição, assinada por nomes como o do seu orientador
de doutorado, Luiz Gonzaga Belluzzo, e pela economista Maria da Conceição
Tavares, o grupo se opunha às propostas de austeridade fiscal defendidas, até
então, por economistas e interlocutores do governo e da oposição. O argumento
era que o corte de gastos seria um 'tiro no pé' porque desencadearia cenário
que tampouco agradaria às agências de risco: levaria o país a uma profunda
recessão, reduziria ainda mais a arrecadação de impostos e acabaria de derrubar
o ânimo dos investidores.
Em fevereiro, decepcionado
com as medidas que vieram com a nova equipe econômica, o economista veio a
público em uma "revolta heterodoxa" para criticar a reviravolta de
Dilma rumo à ortodoxia, comandada pelo ministro Joaquim Levy. À época, Bastos
defendia que o governo comunicasse, com transparência, o abandono da meta de
superávit primário de 1,2%, que teria sido baseada em projeções exageradamente
otimistas de crescimento e arrecadação.
Em julho, a equipe
econômica anunciou a redução da meta fiscal para esforço de 0,15%, seguida de
corte adicional de R$ 8,6 bilhões no Orçamento. Para Bastos, a mudança na meta
reflete a reação do governo à "resistência política" com que o ajuste
foi recebido, mas ainda não é suficiente. "Os cortes que eles fizeram e
continuam fazendo já são maiores do que era previsto e não houve reversão.
Ajuste fiscal em meio à desaceleração é contraproducente". A seguir, os principais
trechos da entrevista:
(...)
Para continuar
a leitura – e ler toda a entrevista -, acesse http://www.valor.com.br/brasil/4166958/ajuste-em-meio-recessao-e-contraproducente
Pedro Paulo Zahluth Bastos – Economista e Professor da Unicamp.
Ligia Guimarães – 06.08.2015.
IN Valor Econômico, ed.
impressa.