a filiação partidária pesa na atuação das
deputadas. Grande parte delas são de partidos ligados à esquerda, e costumam
atuar em pautas feministas, enquanto uma minoria ligada a partidos de direita
atua mais em pautas conservadoras.
[Beatriz] Sanchez observou que existe consenso
da bancada feminina em temas que envolvem violência contra a mulher, como na
aprovação da Lei Maria da Penha. Nesses casos, os projetos de igualdade de
gênero são mais efetivos e conseguem avançar.
Em pautas mais radicais, o perfil biográfico e a
orientação do partido dispersam o posicionamento das parlamentares,
dificultando a atuação da bancada. “Muitas foram contra o projeto da
legalização do aborto, por exemplo, mesmo sendo uma pauta histórica do
movimento feminista”, explica a cientista.
Paulo Andrade
A matemática é simples: quanto mais mulheres na
política, mais avançam projetos e demandas femininas. Atualmente, representando
apenas 9% da Câmara dos Deputados, as mulheres parlamentares ainda convivem com
uma divisão sexual do trabalho político. Enquanto homens participam de
pautas consideradas mais relevantes pelos políticos, como tributação, economia
e divisão de poderes, elas são alocadas em temas como educação, saúde e
cidadania.
Essa foi uma das conclusões do
mestrado defendido pela cientista política Beatriz Rodrigues Sanchez no
Departamento de Ciência Política da FFLCH-USP em janeiro de 2017. O intuito foi
verificar se as deputadas em Brasília representam os interesses da população
feminina brasileira.
A pesquisa contemplou um perfil biográfico das
congressistas, o qual revelou que 80% delas têm nível superior completo –
em contraste com a média da população feminina brasileira de 12,5%, segundo
dados do último censo do IBGE. Por outro lado, 65% das
parlamentares são católicas, coincidindo com a média da população brasileira,
também segundo o Instituto.
O estudo também mostrou que a filiação partidária
pesa na atuação das deputadas. Grande parte delas são de partidos ligados à
esquerda, e costumam atuar em pautas feministas, enquanto uma minoria ligada a
partidos de direita atua mais em pautas conservadoras.
(...)
Paulo Andrade – 20.02.2017.
IN Página da USP (Usp.br).