sexta-feira, 14 de abril de 2017

"O ativismo on-line é para preguiçosos", segundo Evgeny Morozov

Evgeny Morozov – “Se o ativismo on-line fosse voltado apenas para levantar fundos, eu seria seu defensor. Mas sua razão de ser hoje é a assinatura de petições e a participação em comunidades do Facebook. É preciso participar da vida política se quisermos mudanças. Meu problema com o ativismo preguiçoso (o slacktivism) é que ele não tem foco.
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 É necessário que jornalistas e intelectuais lidem com essa questão de forma mais crítica. A maior parte das pessoas envolvidas no ativismo on-line tem vivência zero em estratégias tradicionais. Elas pensam com uma experiência tecnológica e acham que vão mudar o mundo com alguns algoritmos. Falta perspectiva histórica e política para trazer profundidade intelectual ao debate”. 

Maurício Meireles
Salvem as baleias do Ártico e as crianças africanas. Petições assim circulam na internet em busca de apoio às causas mais diversas. Você pode jamais ter assinado uma delas – mas sua caixa de correio com certeza já recebeu inúmeras. A revolta virtual que motiva campanhas assim pode aliviar a consciência, mas não resolve nada. É o que afirma o pensador bielorrusso Evgeny Morozov. Pesquisador da Universidade Georgetown, nos Estados Unidos, ele até criou um termo para descrever as campanhas que tentam mobilizar as pessoas por meio da web. É o slacktivism (algo como ativismo preguiçoso, em português). Na opinião de Morozov, que defende suas ideias no blog Net.effect, essa onda contagia as pessoas que têm preguiça de se envolver em causas, mas são ansiosas por se sentir ativas.
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Maurício Meireles – 20.08.2010.
Evgeny Morozov – Editor contribuinte da revista Foreign Policy e pesquisador do Instituto de Estudos Diplomáticos da Universidade Georgetown, em Washington, EUA .
IN revista Época (Republicado em "Boa Política").