Sydney Chalhoub – “o pressuposto das grandes
universidades do mundo é que a diversidade melhora a qualidade. Obriga a um
contraste de pontos de vista. Enquanto a universidade existe como prerrogativa
de uma mesma classe social, de uma mesma raça e dos mesmos setores, ela não se
abre ao tipo de questionamento e de tensões que são criativas, oriundas da
necessidade da convivência de grupos sociais e raciais com perspectivas
diferentes. O segundo ponto é que, na prática, todas as pesquisas existentes
demonstram claramente que o desempenho dos estudantes cotistas é igual ou
superior ao desempenho dos não cotistas nas universidades estaduais e federais
que adotaram esse tipo de política afirmativa. Isso é fácil de entender.
Ao contrário da propaganda maldosa que se
faz, a adoção de cotas não tem nada a ver com a exclusão do mérito”.
Manoel Alves Filho
Ao aprovar o princípio das cotas étnico-raciais, a Unicamp se alinhou às
grandes universidades do mundo, como Harvard, Yale e Columbia, que adotam a
diversidade como critério para o ingresso de seus estudantes. O pressuposto
dessas instituições é que a diversidade melhora a qualidade. A afirmação é do
historiador Sidney Chalhoub, professor titular colaborador do Instituto de
Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da Unicamp e docente do Departamento de
História da Universidade de Harvard (EUA). Na entrevista que segue, concedida
ao Jornal da Unicamp, Chalhoub salienta a importância das ações afirmativas
como mecanismo de reparação e promoção de justiça social e contesta argumentos
utilizados pelos críticos das cotas, como a necessidade de preservar a
meritocracia. “A meritocracia como valor universal, fora das condições sociais
e históricas que marcam a sociedade brasileira, é um mito que serve à
reprodução eterna das desigualdades sociais e raciais que caracterizam a nossa
sociedade. Portanto, a meritocracia é um mito que precisa ser combatido tanto
na teoria quanto na prática. Não existe nada que justifique essa meritocracia
darwinista, que é a lei da sobrevivência do mais forte e que promove
constantemente a exclusão de setores da sociedade brasileira. Isso não pode
continuar”, defende.
(...)
Para continuar a leitura, acesse http://www.unicamp.br/unicamp/ju/noticias/2017/06/07/meritocracia-e-um-mito-que-alimenta-desigualdades-diz-sidney-chalhoub
Manoel Alves Filho – 07.06.2017.
Sidney Chalhoub – Professor titular colaborador do Instituto de Filosofia e Ciências
Humanas (IFCH) da Unicamp e docente do Departamento de História da Universidade
de Harvard (EUA).
IN Jornal Unicamp.