segunda-feira, 23 de outubro de 2017

Por que não somos todos Somália?



se toda a geopolítica global se tornou uma teia de violência crua, por que nos incomoda a violência da Al-Shabaab, da Al-Qaeda e do tal Estado Islâmico enquanto ignoramos a da Arábia Saudita, dos Estados Unidos, da Europa e da Turquia, de onde emana a distopia? Por que vemos imundície completa nos massacres promovidos pelo “outro” imaginário, mas aceitamos que se varra para baixo do tapete a igualmente brutal violência daquele que identificamos como “um de nós”? Um palpite: por preguiça intelectual pré-condicionada. Porque estamos exageradamente condicionados a uma leitura não-racional do mundo.


Gabriel Rocha Gaspar
A Somália sofreu no último sábado (14) um dos atentados mais violentos da história. Na segunda-feira, o Twitter ferveu de questionamentos sobre a baixa cobertura midiática e a pouca comoção em torno das mais de 500 vítimas (entre mortos e feridos) do ataque ao centro da capital Mogadíscio. Representantes de ONGs, jornalistas e acadêmicos do mundo todo se perguntaram por que não surgiu rapidamente um “Je suis Somália” ou coisa do tipo.
Infelizmente, porque culturalmente naturalizamos o sofrimento de pobre, preto, muçulmano e africano. Mas ainda que houvesse forte resposta emocional a tamanha violência politicamente motivada, começaríamos a trilhar o caminho de evitar que ela se repetisse? Certamente, seria melhor do que a indiferença. Mas bastaria? Tendo a achar que precisamos de mais do que nossos corações; precisamos analisar, com a cabeça, como a violência sistêmica, objetiva e perene, se converte em banhos de sangue. Qual o efeito que cada modalidade de violência tem sobre nós e por quê.
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Gabriel Rocha Gaspar – Jornalista – 17.10.2017.
IN Justificando.





Como a Somália se encaixa no mapa da geopolítica do Terror


Maior atentado da história do país africano mostra desejo de milícia extremista de projetar força após derrota significativa no controle territorial.


João Paulo Charleaux
O duplo ataque terrorista realizado num intervalo de poucas horas, no sábado (14), em Mogadíscio, capital da Somália, na região chamada Chifre da África, deixou mais de 300 mortos e 500 feridos, numa ação classificada pelo governo local de “desastre nacional”.
Autoridades somalis admitiram a dificuldade em determinar com precisão o número total de vítimas, mesmo dois dias após os atentados, pois centenas de feridos graves foram levados para diferentes hospitais da cidade, e muitos mortos foram enterrados diretamente por seus familiares horas após as explosões. Além disso, há corpos completamente carbonizados, e outros, soterrados pelos escombros.
A área da cidade atingida é conhecida pelo grande fluxo de pessoas. Abriga prédios de órgãos do governo, embaixadas, shoppings, bares, terminais de ônibus e um dos mais conhecidos hotéis da capital somali, o Safari. A poucas quadras está também a sede do Ministério das Relações Exteriores da Somália.
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João Paulo Charleaux – 16.10.2017.
 
IN Nexo Jornal.