sábado, 31 de maio de 2014

Bolsa Família vence prêmio ISSA, o Nobel social


Fundada em 1927 e reconhecida por 157 países, Associação Internacional de Seguridade Social concede seu maior prêmio ao Bolsa Família. Reconhecimentos ocorrem apenas de três em três anos. Atacado por setores conservadores no Brasil, programa foi julgado como "experiência excepcional e pioneira na redução da pobreza".

Brasil 247
O governo não tem como não comemorar. Polêmico no Brasil, onde é alvo de ataques em razão de falhas pontuais e, também, pelo que é visto por muitos como ‘caráter assistencialista’, o programa Bolsa Família acaba de receber aquele que é considerado o prêmio Nobel da seguridade social.
Trata-se do Award for Outstanding Achievement in Social Security, concedido pela Associação Internacional de Seguridade Social. Com sede na Suíça, essa entidade foi fundada em 1927 e é reconhecida por 157 países e 330 organizações não governamentais. O grande prêmio, concedido depois de uma série de pesquisas in loco, só é concedido a cada três anos.
O Bolsa Família, que está completando 10 anos de existência no atual formato, foi considerado pela ISSA como “uma experiência excepcional e pioneira na redução da pobreza e na promoção da seguridade social”.

Leia a íntegra do estudo aqui.

Brasil 247 – 15.10.2013
IN Brasil 247. 


Publicação do Ipea mostra que Bolsa Família não leva beneficiário à acomodação


Pedro Peduzzi
Brasília - O auxílio financeiro dado às famílias em situação de extrema pobreza pelo Programa Bolsa Família não desestimula os favorecidos a buscar emprego ou a se tornar empreendedores. A conclusão é de pesquisadores do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), após análise do microempreendedorismo brasileiro. “O Bolsa Família não produz o chamado efeito preguiça ou de acomodação. Prova disso é que boa parte dos beneficiados é empreendedora e está formalizada”, disse Rafael Moreira.
Ele é um dos pesquisadores do Sebrae e do Ipea sobre o microempreendedor individual – pessoa que trabalha por conta própria, que se legaliza como pequeno empresário de um negócio com faturamento máximo de R$ 60 mil por ano. Este tipo de empreendedor tem no máximo um empregado contratado, recebendo salário mínimo ou o piso da categoria.
A publicação Radar, divulgada hoje (7) pelo Ipea, relata  que 7% dos empresários individuais são também beneficiados pelo Bolsa Família. Além disso, 38% do público-alvo do programa são trabalhadores por conta própria, formalizados ou não. “Em geral, o Bolsa Família não diminui a oferta de mão de obra”, garantiu Moreira.
Segundo Mauro Oddo, outro colaborador do estudo, as microempresas representam 99% das empresas do país e são responsáveis por 51% de todos empregos existentes. 

(...)
Para continuar a leitura, acesse: http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2013-05-07/publicacao-do-ipea-mostra-que-bolsa-familia-nao-leva-beneficiario-acomodacao


Pedro Peduzzi – Repórter da Agência Brasil – 07.05.2013
IN Agência Brasil. 

quarta-feira, 28 de maio de 2014

Os partidos radicais avançam com força no Parlamento Europeu


O bipartidarismo está em crise mas não se entrega: Juncker ou Schulz terão que se aliar ou buscar parceiros para governar, mas ambos partidos serão imprescindíveis e, mesmo em queda, seguem somando mais de 60% dos assentos. Mas cuidado. Se a política é a forma em que uma sociedade se ocupa da incerteza, o auge dos eurofóbicos é uma sacudida em toda a regra e indica que o grau de incerteza ainda é altíssimo. O populismo, com seus remédios simples para problemas complexos e acariciando o gatilho de seu tenebroso arsenal anti-imigração, mostra as garras com uma pujança que marcará algumas das agendas políticas fundamentais dos próximos anos. Os partidos eurocéticos, eurofóbicos e demais somam pouco mais de 20% dos votos, com resultados impactantes em vários países. As repetições da história: a história da Europa no século XX demonstra que as grandes crises e determinadas receitas econômicas “provocam que a democracia se volte contra a democracia”, afirmou um diplomata.

Claudi Pérez
A Europa que emerge da crise que marcará o início deste século tirou neste domingo um velho diabo do armário com a ascensão imparável dos radicais em vários países, mas por fim deu a vitória, por uma margem muito apertada, ao democrata-cristão luxemburguês Jean-Claude Juncker, e sobretudo concedeu uma ampla maioria às forças pró-europeias. Ganharam Juncker e sua mensagem de austeridade e reformas, a qual agora promete agregar um toque social. Após ter dominado com clareza as instituições na última década e meia, a Grande Recessão teve seu preço no Partido Popular Europeu, que perdeu dezenas de assentos, mas situa de novo os conservadores como primeira força do Parlamento europeu apesar dos efeitos devastadores da crise, que até agora havia varrido todo tipo de Governos, quase sem exceção. A Eurocâmara não passou por essa centrífuga política, ainda que sim por outras perigosíssimas: com a Frente Nacional francesa como mascarão de proa, e com uma presença ampla de Norte a Sul (em Dinamarca e Finlândia, mas também em Grécia e Itália), e de Leste a Oeste (Hungria, Alemanha, Reino Unido), os populismos confirmaram nas urnas a fulgurante subida apontada nas pesquisas, e complicaram a governabilidade do projeto europeu.
(...)



Claudi Pérez, Bruxelas – 25.05.2014
IN El País Brasil.


A participação quebra os prognósticos e cresce

Baseando-se nas cifras, a campanha iniciada pela própria Eurocâmara em um clima de ceticismo generalizado havia conquistado –parcialmente- seu objetivo de reverter a tendência à queda das últimas décadas. Não obstante, a de ontem foi a primeira eleição comunitária na qual a participação aumentou: desde as primeiras votações europeias, há 35 anos, o aumento da abstenção tinha se tornado uma constante.

Ignacio Fariza
A participação resistiu e se tornou uma das grandes surpresas da noite eleitoral. No vácuo dos grandes países, a UE teve neste domingo uma de suas jornadas mais complicadas com uma afluência às urnas ligeiramente superior à prevista por várias pesquisas de opinião. Segundo os primeiros resultados, 43,11% dos europeus foram às urnas, somente 0,14 ponto a mais que nas eleições de 2009, mas não muito distante das expectativas otimistas das próprias instituições comunitárias que nos últimos dias divulgaram que a cifra melhoraria as anteriores. A maior mobilização do voto na França e na Alemanha –os dois países mais populosos da UE- onde a participação aumentou em quase cinco e três pontos respectivamente conseguiu disfarçar os discretos resultados apurados nos países do leste.
(...)



Ignacio Fariza, Bruxelas – 25.06.2014
IN El País Brasil.

segunda-feira, 26 de maio de 2014

Rolezinho: os shoppings centers oferecem aos paulistanos realidade virtual


A “classe baixa com poder de consumo mas ainda fora de patamares mínimos de dignidade”, conhecida como “nova classe média”, está alcançando a inclusão social através do consumo. A pessoa deixa de ser vista como uma ignorante completa, uma estrangeira, porque tem um tênis, um boné um iPhone. Sendo que seria melhor que sua inclusão ocorresse via a garantia de serviços de educação, saúde, cultura e lazer de qualidade e as consequências positivas que isso traz.

Leonardo Sakamoto
“Tem de proibir esse tipo de maloqueiro de entrar num lugar como este.”
A frase – registrada pela sempre presente Laura Capriglione, para a Folha de S. Paulo – é de uma frequentadora do Shopping Internacional de Guarulhos, revoltada com a chegada de centenas de jovens pobres que marcaram, via redes sociais, de se divertirem por lá no último sábado (14).
Antes de mais nada, tem que proibir esse tipo de pessoa que diz a frase acima de andar por aí, solta. Depois ela morde alguém e fica por isso mesmo.
Considerando que eles não roubaram nada, por que 23 deles foram detidos? Cor de pele? Trajes inadequados? Falta de comprovante de renda? Gosto musical? Se um princípio de arrastão ocorreu, como dizem algumas testemunhas, por que o shopping soltou uma nota afirmando que nada foi roubado?
Não precisa ser sociólogo para perceber que a molecada que marca esses encontros quer, acima de tudo, reafirmar sua existência. E mesmo alguns tumultos que possam causar têm a ver com isso. É como se gritassem a plenos pulmões: “Ei, eu existo, pô!” Boa parte dos jovens negros e pobres da periferia nascem e morrem diariamente sem que o Estado esboce um bocejo de preocupação ou que o restante da sociedade fique sabendo.
Os shoppings centers oferecem aos paulistanos realidade virtual. Meus amigos de Alphaville, ao criticarem os condomínios fechados em que cresceram, chamam esse tipo de estrutura de “bolhas”. Um ambiente agradável, asséptico, sem pobreza, dor ou feiúra, com temperatura estável e luz na quantidade certa para possibilitar aquilo que fazemos de melhor: comprar.

(...)
Para continuar a leitura, acesse: http://blogdosakamoto.blogosfera.uol.com.br/2013/12/16/rolezinho-os-shoppings-centers-oferecem-aos-paulistanos-realidade-virtual/


Leonardo Sakamoto – Jornalista e doutor em Ciência Política – 16.12.2013
IN Blog do Sakamoto. 


sexta-feira, 23 de maio de 2014

Censo mostra que maioria da população de rua não bebe ou usa drogas

 

Levantamento da Defensoria Pública vai guiar ações de apoio, como emissão de documentos.


Paloma Savedra
Rio - Moradia, saúde e educação são alguns direitos sociais a que, pela Constituição Federal, todos deveriam ter acesso. Mas nas ruas a realidade é bem diferente. Para fazer valer o que se lê, o Núcleo de Direitos Humanos da Defensoria Pública do Estado realizou censo na região metropolitana do Rio, traçando o perfil dessa população, e criando frentes para que ganhe cidadania.
O estudo derruba mitos: dos 1.247 entrevistados em 32 abrigos públicos e privados, 62% não usam drogas; 65% não bebem; e só 13% são analfabetos.
Denúncias de ilegalidades nas ações de acolhimento da Prefeitura do Rio também foram constatadas pelo Projeto População de Rua, que começou em dezembro com apoio do Ministério da Justiça.




Paloma Savedra – 16.05.2013

IN O dia.

 

 

Estudo mostra que maioria da população de rua não bebe nem usa drogas

Pesquisa derrubou mitos e trouxe à tona outra realidade sobre o perfil dessa população; somente 13% dos moradores de rua são analfabetos, 65% não bebem e 62% não usam drogas.

Igor Carvalho
O Núcleo de Direitos Humanos da Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro realizou um estudo para traçar um perfil das pessoas em situação de rua, na região metropolitana da capital. A pesquisa derrubou mitos e trouxe à tona outra realidade sobre o perfil dessa população. Somente 13% dos moradores de rua são analfabetos, 65% não bebem e 62% não usam drogas.
“A intenção do projeto era realizar um mapeamento dessa população. É muito difícil realizar esse censo, nem o Censo do IBGE os afirma, pois parte da premissa do endereço,ou seja, são pessoas invisíveis”, afirmou a coordenadora do estudo, Juliana Moreira.

Igor Carvalho – 17.05.2013
IN Revista Forum. 

 

 

População em situação de rua


Políticas públicas paliativas, ou mesmo a inexistência de ações do governo, contribuem para a manutenção da população em situação de rua no Brasil.

Wagner de Cerqueira e Francisco
Conforme o relatório do primeiro Encontro Nacional Sobre População em Situação de Rua, organizado e realizado em 2005 pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome por meio da Secretaria Nacional de Assistência Social, a caracterização da população em situação de rua ficou definida como: grupo populacional heterogêneo, composto por pessoas com diferentes realidades, mas que têm em comum a condição de pobreza absoluta, vínculos interrompidos ou fragilizados e falta de habitação convencional regular, sendo compelido a utilizar a rua como espaço de moradia e sustento, por contingência temporária ou de forma permanente.
Pode-se afirmar que o surgimento da população em situação de rua é um dos reflexos da exclusão social, que a cada dia atinge e prejudica uma quantidade maior de pessoas que não se enquadram no atual modelo econômico, o qual exige do trabalhador uma qualificação profissional, embora essa seja inacessível à maioria da população.
(...)
Para continuar a leitura, acesse: http://www.brasilescola.com/brasil/populacao-situacao-rua.htm

 
Wagner de Cerqueira e Francisco – Geógrafo da Equipe Brasil Escola
IN Brasil Escola. 

terça-feira, 20 de maio de 2014

A corrupção deles


‘Petralhas, ‘tucanalhas’... É o roto que censura o rasgado e vitupera a si próprio. Desde quando é virtude denunciar nos outros o vício que dissimulamos em nós?

Carlos Melo
Este parágrafo será longo. Para não ser injusto com o judas da vez, é bom lembrar que recordar é mesmo viver e, no caso, morrer de raiva. Há maracutaias para todos os gostos; uma sopa de letrinhas com todo um alfabeto de legendas. Nem só de fiscais inexplicavelmente milionários, na transição entre PSD e PT, se escreverá a crônica política do nosso tempo. A verdade é que escândalos não faltam, a começar, é claro, pelo célebre mensalão petista. Mas seria desonesto omitir o caso do cartel no metrô e na CPTM, em São Paulo, que envolve os tucanos e constrange até o intrépido Ministério Público, MP. A recente produção de esterco bateu recordes, pois há outros mensalões, em Minas (PSDB) e em Brasília (DEM); há Carlinhos Cachoeira e o impetuoso Demóstenes Torres (DEM); há Paulo Maluf (PP), artista veterano - um clássico -, agora oficialmente lavrado ficha suja; há as relações obscuras entre Sérgio Cabral (PMDB) e a Construtora Delta; há a soberba euforia de Eike Batista e sua OGX; há Rosemary Noronha e as ligações perigosas que oculta (PT); há o vertiginoso enriquecimento de Hussain Aref Saab e as aprovações de empreendimentos imobiliários em SP (PSD). Mais distante no tempo, houve anões, lalaus, precatórios, fitas... Difícil mencionar todos. Há tantos!
Casos não faltam. Não se trata de prejulgar; todos poderão se defender. Oxalá sejam inocentes! Cientistas políticos hoje respondem a processos por mencionar casos que estão nas manchetes; então, todo cuidado é pouco. Mas aquele que se dedicar a caçar exemplos no Google ficará abarrotado de trabalho. Para quem, em 1984, acalentou sonhos de democracia, o resultado da pesquisa é mesmo um pesadelo: será que aquilo deu mesmo só nisso? Claro que não. Mas o sentimento de frustração é evidente. O rio está poluído e mesmo quem defende as águas da política como atividade nobre - que precisa ser recuperada pela cidadania, etc. e tal - fica sem palavras. Dizer que não é bem assim? Não é mesmo bem assim, mas diante dos fatos, faltam argumentos.


Carlos Melo – Cientista Político, professor do INSPER – 09.11.2013
IN O Estado de São Paulo. 


sábado, 17 de maio de 2014

Policiais militares se sentem escravizados no trabalho, aponta pesquisa


Tese de doutorado revela que estrutura militarizada é propícia para problemas nas relações com superiores.

Renan Truffi
Policiais que se consideram tratados como escravos ou prisioneiros, trabalhando sob constante pressão e a base de calmantes. É esse o cenário a que muitos PMs estão submetidos em seu dia a dia e que aparece retratado na tese de doutorado da socióloga e pesquisadora do Núcleo de Estudos da Violência da USP (Universidade de São Paulo) Viviane de Oliveira Cubas.
Para o trabalho, apresentado na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), ela entrevistou 15 policiais e analisou as queixas registradas na Ouvidoria da Polícia do Estado de São Paulo entre 2006 e 2011. Neste período, foram 1.716 denúncias feitas somente por policiais, sendo que 95,7% do total são reclamações de integrantes da Polícia Militar e apenas 4,1% da Polícia Civil.
A explicação para a diferença no número de queixas de seus integrantes pode estar no fato de uma corporação ser militarizada, e a outra não. 

(...)



Renan Truffi – 07.11.2013
In Último Segundo.

quinta-feira, 15 de maio de 2014

The demise of boys


The problem is they now prefer [the] asynchronistic Internet world to the spontaneous interaction in social relationships.

Philip Zimbardo
So today, I want us to reflect on the demise of guys. Guys are flaming out academically; they're wiping out socially with girls and sexually with women. Other than that, there's not much of a problem.
So what's the data? So the data on dropping out is amazing. Boys are 30 percent more likely than girls to drop out of school. In Canada, five boys drop out for every three girls. Girls outperform boys now at every level,from elementary school to graduate school. There's a 10 percent differential between getting BA's and all graduate programs, with guys falling behind girls. Two-thirds of all students in special ed. remedial programs are guys. And as you all know, boys are five times more likely than girls to be labeled as having attention deficit disorder -- and therefore we drug them with Ritalin. What's the evidence of wiping out?  First, it's a new fear of intimacy. Intimacy means physical, emotional connection with somebody else -- and especially with somebody of the opposite sex who gives off ambiguous, contradictory, phosphorescent signals. And every year there's research done on self-reported shyness among college students. And we're seeing a steady increase among males. And this is two kinds. It's a social awkwardness. The old shyness was a fear of rejection. It's a social awkwardness like you're a stranger in a foreign land.
(...)

Para continuar a leitura, acesse: 



Philip Zimbardo – professor da Stanford University
Transcript for Philip Zimbardo: The demise of guys?

segunda-feira, 12 de maio de 2014

Racismo em degradê


As desigualdades no Brasil acompanham o escurecimento da pele, mostra pesquisa: quanto mais preto, mais pobre, menos renda, menos educação, menos oportunidades.
Ao identificar os muitos tons de pele do grande grupo de pardos e, portanto, ao representar melhor as distinções existentes na ampla camada que separa brancos e negros, o estudo mostra que o racismo não está apenas nas pontas extremas entre o branco e o preto, mas se dá em cada um dos degraus de cor que separam, por exemplo, o moreno do moreno claro, o mulato do morno escuro, o jambo do castanho.

Carla Rodrigues
Quanto mais escura a cor da pele, menos renda, menos educação, menos oportunidades. O inverso também é verdadeiro: quanto mais clara a cor da pele, mais renda, mais educação, mais oportunidades. Para além da diferença aguda entre os pontos mais extremos da desigualdade na estratificada sociedade brasileira - na ponta mais alta, homem, branco, urbano e rico; na mais baixa, mulher, preta, rural e pobre -, a pesquisa A Dimensão Social das Desigualdades, do sociólogo Carlos Costa Ribeiro, encontrou uma escala de desigualdades que acompanha de forma contínua o escurecimento da cor da pele.
Os dados mostram como a cada ponto a mais no escurecimento da cor da pele corresponde também um ponto a menos na escala de oportunidades sociais e econômicas (veja gráfico na próxima página). "Com isso, consigo refinar a percepção sobre desigualdade racial", diz Ribeiro, do Instituto de Estudos Sociais e Políticos (Iesp), da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj). A proposta de trabalhar com um amplo espectro de cores de pele - 14, autodeclaradas pelos seus entrevistados - está ancorada na história da miscigenação racial no país. No Brasil, explica, raça diz mais respeito à aparência física e à cor da pele do que à origem. Tonalidade da pele, tipo de cabelo, formatos de nariz e de boca são traços distintivos de maior ou menor proximidade com o branco, expressão física dessa miscigenação, e melhor representação da realidade social do que a mera divisão entre brancos e não brancos.
(...)
Para continuar a leitura, acesse: http://www.valor.com.br/cultura/3429796/racismo-em-degrade



Carla Rodrigues – Professora no Departamento de Filosofia da UFRJ – 14.02.2014
IN Valor Econômico. 

sábado, 10 de maio de 2014

Liberdade para defender a ditadura?


a liberdade de expressão inclui o direito de incitar ao crime? Não. Incitar a cometer um crime é crime. Não há liberdade de expressão para pregar "mate policiais". Então, por que seria livre pedir a repressão aos negros, a desigualdade entre homens e mulheres, a cassação de direitos de quem não é criminoso, a tortura, prisão e assassinato de quem não concorda conosco? Defender a ditadura é pregar que se cometam crimes contra muitas pessoas; mais que isso: é defender que se cometa, contra a sociedade inteira, o megacrime que é privá-la do direito de escolher. É pregar crimes de altas proporções.
(...) Ensino superior deve educar, não pregar

Renato Janine Ribeiro
Dois ou três episódios recentes tematizam a pergunta: liberdade para quem diverge de nós? liberdade para quem defende a ditadura? Amigos discutem. Vou analisar esta questão sem me perder nos fatos, porque estes só respondem se os casos se enquadram ou não na regra geral, e é esta que precisamos definir.
A liberdade de expressão é suprema na democracia. Tanto o é, que está se emancipando da liberdade de imprensa. Esta última é exercida por organizações de mídia. A de expressão começava com o maluco inglês falando num caixote do Hyde Park e hoje está nas redes sociais.
A liberdade, dizia a líder marxista Rosa Luxemburg, é sempre a liberdade de quem pensa diferente de nós. Não pode haver liberdade só para o "nosso" lado. A liberdade incomoda. A democracia não é um regime da unanimidade. É o regime no qual os leitores convencidos de que o PT é um partido de ladrões veem gente votar nele, e os que acusam o PSDB de indiferença aos dramas sociais sentem igual frustração... Dependendo de nosso grupo social, uma dessas convicções pode predominar, a ponto de só convivermos com gente que pensa como nós. Mas a divergência existe e é essencial.
Todavia, a liberdade de expressão inclui o direito de incitar ao crime? 
(...)

Para continuar a leitura, acessar: http://www.valor.com.br/politica/3507476/liberdade-para-defender-ditadura#ixzz2yCjP4mXk


Renato Janine Ribeiro - Professor titular de ética e filosofia política na Universidade de São Paulo.
IN Valor Econômico.


quarta-feira, 7 de maio de 2014

Desvendando a espuma: o enigma da classe média brasileira


A meritocracia escamoteia as reais operações de poder. (...) Assim, os critérios de avaliação que ranqueiam os cursos de pós-graduação no país são pautados pelas correntes mais poderosas do meio acadêmico e científico; bons desempenhos no mercado literário são produzidos não só por uma boa literatura, mas por grandes investimentos em marketing; grandes sucessos no meio musical são conseguidos, dentre outras formas, “promovendo” as músicas nas rádios e em programas de televisão, e assim por diante. Os poderes econômico e político, não raras vezes, estão por trás dos critérios avaliativos e dos “bons” desempenhos.

Renato Santos de Souza
A primeira vez que ouvi a Marilena Chauí bradar contra a classe média, chamá-la de fascista, violenta e ignorante, tive a reação que provavelmente a maioria teve: fiquei perplexo e tendi a rejeitar a tese quase impulsivamente. Afinal, além de pertencer a ela, aprendi a saudar a classe média. Não dá para pensar em um país menos desigual sem uma classe média forte: igualdade na miséria seria retrocesso, na riqueza seria impossível. Então, o engrossamento da classe média tem sido visto como sinal de desenvolvimento do país, de redução das desigualdades, de equilíbrio da pirâmide social, ou mais, de uma positiva mobilidade social, em que muitos têm ascendido na vida a partir da base. A classe média seria como que um ponto de convergência conveniente para uma sociedade mais igualitária. Para a esquerda, sobretudo, ela indicaria uma espécie de relação capital-trabalho com menos exploração.
Então, eu, que bebi da racionalidade desde as primeiras gotas de leite materno, como afirmou certa vez um filósofo, não comprei a tese assim, facilmente. Não sem uma razão. E a Marilena não me ofereceu esta razão. Ela identificou algo, um fenômeno, o reacionarismo da classe média brasileira, mas não desvendou o sentido do fenômeno. Descreveu “O QUE” estava acontecendo, mas não nos ofereceu o “PORQUE”. Por que logo a classe média? Não seria mais razoável afirmar que as elites é que são o “atraso de vida” do Brasil, como sempre foi dito? E mais, ela fala da classe média brasileira, não da classe média de maneira geral, não como categoria social. Então, para ela, a identificação deste fenômeno não tem uma fundamentação eminentemente filosófica ou sociológica, e sim empírica: é fruto da sua observação, sobretudo da classe média paulistana. E por que a classe média brasileira e não a classe média em geral? Estas indagações me perturbavam, e eu ficava reticente com as afirmações de dona Marilena.
(...)
Para continuar a leitura, acesse: 


Renato Santos de Souza – UFSM – 20.10.2013
IN Jornal GGN.  


segunda-feira, 5 de maio de 2014

Sem tempo para sonhar: EUA têm mais negros na prisão hoje do que escravos no século XIX


No dia histórico do discurso “eu tenho um sonho”, de Martin Luther King, panorama social é dramático aos afrodescendentes norte-americanos.

 Dodô Calixto
O presidente norte-americano, Barack Obama, participa nesta quarta-feira (28/08) em Washington de evento comemorativo pelo aniversário de 50 anos do emblemático discurso “Eu tenho um Sonho”, de Martin Luther King Jr. - considerado um marco da igualdade de direitos civis aos afro-americanos. Enquanto isso, entre becos e vielas dos EUA, os negros não vão ter muitos motivos para celebrar ou "sonhar com a esperança", como bradou Luther King em 1963.
De acordo com sociólogos e especialistas em estudos das camadas populares na América do Norte, os índices sociais - que incluem emprego, saúde e educação - entre os afrodescendentes norte-americanos são os piores em 25 anos. Por exemplo, um homem negro que não concluiu os estudos tem mais chances de ir para prisão do que conseguir uma vaga no mercado de trabalho. Uma criança negra tem hoje menos chances de ser criada pelos seus pais que um filho de escravos no século XIX. E o dado mais assombroso: há mais negros na prisão atualmente do que escravos nos EUA em 1850, de acordo com estudo da socióloga da Universidade de Ohio, Michelle Alexander.



Dodô Calixto – 28.08.2013
IN Opera Mundi. 



Penitenciárias privadas batem recorde de lucro com política do encarceramento em massa

"Mercado das prisões" é o segundo mais rentável dos EUA ; negros são as principais vítimas (clientes?).

 Dodô Calixto
 "A nossa companhia foi fundada no princípio que poderíamos, sim, vender prisões. Da mesma forma como se vendem carros, imóveis ou hambúrgueres".  Simples e objetivo, um dos fundadores da CCA (Corrections Corporation of América), responsável pela privatização de dezenas de penitenciárias nos EUA, define sua área de atuação.
Desde a inauguração em 1983, a empresa passou a fazer parte do seleto grupo das multibilionárias dos EUA com um "produto" no mínimo controverso: prender pessoas. A lógica de mercado é simples: quanto mais presos os centros penitenciários abrigam, mais verbas federais são repassadas para a CCA e outras prisões, aumentando gradativamente os lucros. Segundo o instituto Pew Charitable Trusts, o setor registra recordes consecutivos de lucro no decorrer dos últimos anos e é o segundo mais rentável aos investidores do país.
O maior complexo penitenciário da CCA em Lumpkin, Geórgia, por exemplo, recebe 200 dólares por cada preso todos os dias, rendendo um lucro anual de 50 milhões de dólares. 

(...)
Para continuar a leitura, acesse: 

Dodô Calixto – 28.08.2013
IN Opera Mundi.