O bipartidarismo está em crise mas não se entrega: Juncker ou Schulz terão que se aliar ou buscar parceiros para governar, mas ambos partidos serão imprescindíveis e, mesmo em queda, seguem somando mais de 60% dos assentos. Mas cuidado. Se a política é a forma em que uma sociedade se ocupa da incerteza, o auge dos eurofóbicos é uma sacudida em toda a regra e indica que o grau de incerteza ainda é altíssimo. O populismo, com seus remédios simples para problemas complexos e acariciando o gatilho de seu tenebroso arsenal anti-imigração, mostra as garras com uma pujança que marcará algumas das agendas políticas fundamentais dos próximos anos. Os partidos eurocéticos, eurofóbicos e demais somam pouco mais de 20% dos votos, com resultados impactantes em vários países. As repetições da história: a história da Europa no século XX demonstra que as grandes crises e determinadas receitas econômicas “provocam que a democracia se volte contra a democracia”, afirmou um diplomata.
Claudi
Pérez
A Europa que emerge da crise que marcará o
início deste século tirou neste domingo um velho diabo do armário com a ascensão imparável dos radicais
em vários países, mas por fim deu a vitória, por uma margem muito
apertada, ao democrata-cristão luxemburguês Jean-Claude Juncker, e sobretudo
concedeu uma ampla maioria às forças pró-europeias. Ganharam Juncker e sua
mensagem de austeridade e reformas, a qual agora promete agregar um toque
social. Após ter dominado com clareza as instituições na última década e meia,
a Grande Recessão teve seu preço no Partido Popular Europeu, que perdeu dezenas
de assentos, mas situa de novo os conservadores como primeira força do
Parlamento europeu apesar dos efeitos devastadores da crise, que até agora
havia varrido todo tipo de Governos, quase sem exceção. A Eurocâmara não passou
por essa centrífuga política, ainda que sim por outras perigosíssimas: com a
Frente Nacional francesa como mascarão de proa, e com uma presença ampla de
Norte a Sul (em Dinamarca e Finlândia, mas também em Grécia e Itália), e de
Leste a Oeste (Hungria, Alemanha, Reino Unido), os populismos confirmaram nas
urnas a fulgurante subida apontada nas pesquisas, e complicaram a
governabilidade do projeto europeu.
(...)
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Claudi
Pérez, Bruxelas – 25.05.2014
IN El País Brasil.
A participação quebra os prognósticos e cresce
Baseando-se
nas cifras, a campanha iniciada pela própria Eurocâmara em um clima de
ceticismo generalizado havia conquistado –parcialmente- seu objetivo de
reverter a tendência à queda das últimas décadas. Não obstante, a de ontem foi
a primeira eleição comunitária na qual a participação aumentou: desde as
primeiras votações europeias, há 35 anos, o aumento da abstenção tinha se
tornado uma constante.
Ignacio Fariza
A participação resistiu e se tornou uma das
grandes surpresas da noite eleitoral. No vácuo dos grandes países, a UE teve
neste domingo uma de suas jornadas mais complicadas com uma afluência às urnas
ligeiramente superior à prevista por várias pesquisas de opinião. Segundo os
primeiros resultados, 43,11% dos europeus foram às urnas, somente 0,14 ponto a
mais que nas eleições de 2009, mas não muito distante das expectativas
otimistas das próprias instituições comunitárias que nos últimos dias
divulgaram que a cifra melhoraria as anteriores. A maior mobilização do voto na
França e na Alemanha –os dois países mais populosos da UE- onde a participação
aumentou em quase cinco e três pontos respectivamente conseguiu disfarçar os
discretos resultados apurados nos países do leste.
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Ignacio Fariza, Bruxelas – 25.06.2014
IN El País Brasil.
IN El País Brasil.