‘Petralhas,
‘tucanalhas’... É o roto que censura o rasgado e vitupera a si próprio. Desde
quando é virtude denunciar nos outros o vício que dissimulamos em nós?
Carlos Melo
Este parágrafo será longo. Para não ser injusto com
o judas da vez, é bom lembrar que recordar é mesmo viver e, no caso, morrer de
raiva. Há maracutaias para todos os gostos; uma sopa de letrinhas com todo um
alfabeto de legendas. Nem só de fiscais inexplicavelmente milionários, na
transição entre PSD e PT, se escreverá a crônica política do nosso tempo. A
verdade é que escândalos não faltam, a começar, é claro, pelo célebre mensalão
petista. Mas seria desonesto omitir o caso do cartel no metrô e na CPTM, em São
Paulo, que envolve os tucanos e constrange até o intrépido Ministério Público,
MP. A recente produção de esterco bateu recordes, pois há outros mensalões, em
Minas (PSDB) e em Brasília (DEM); há Carlinhos Cachoeira e o impetuoso
Demóstenes Torres (DEM); há Paulo Maluf (PP), artista veterano - um clássico -,
agora oficialmente lavrado ficha suja; há as relações obscuras entre Sérgio
Cabral (PMDB) e a Construtora Delta; há a soberba euforia de Eike Batista e sua
OGX; há Rosemary Noronha e as ligações perigosas que oculta (PT); há o
vertiginoso enriquecimento de Hussain Aref Saab e as aprovações de
empreendimentos imobiliários em SP (PSD). Mais distante no tempo, houve anões,
lalaus, precatórios, fitas... Difícil mencionar todos. Há tantos!
Casos não faltam. Não se trata de prejulgar; todos
poderão se defender. Oxalá sejam inocentes! Cientistas políticos hoje respondem
a processos por mencionar casos que estão nas manchetes; então, todo cuidado é
pouco. Mas aquele que se dedicar a caçar exemplos no Google ficará abarrotado
de trabalho. Para quem, em 1984, acalentou sonhos de democracia, o resultado da
pesquisa é mesmo um pesadelo: será que aquilo deu mesmo só nisso? Claro que
não. Mas o sentimento de frustração é evidente. O rio está poluído e mesmo quem
defende as águas da política como atividade nobre - que precisa ser recuperada
pela cidadania, etc. e tal - fica sem palavras. Dizer que não é bem assim? Não
é mesmo bem assim, mas diante dos fatos, faltam argumentos.
(...)
Para continuar a leitura, acesse: http://www.estadao.com.br/noticias/suplementos,a-corrupcao-deles,1094955,0.htm
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Carlos Melo – Cientista Político, professor do
INSPER – 09.11.2013
IN
O Estado de São Paulo.