para sentir mais, e
nos sentirmos mais donos da própria personalidade, nós nos conectamos. Mas, em
nossa busca apressada pela conexão, fugimos da solidão, da nossa capacidade de
nos separar da multidão e organizar o próprio indivíduo. Sem capacidade de
suportar a solidão, nos voltamos para outras pessoas, sem no entanto
vivenciá-las como realmente são. É como se as usássemos, como se precisássemos
delas como peças capazes de sustentar nosso ser, cada vez mais frágil.
Sherry Turkle
Vivemos
num universo tecnológico no qual estamos sempre nos comunicando. Mas parece que
estamos sacrificando a conversa plena em nome de uma mera conexão.
Em
casa, as famílias se sentam juntas e ao mesmo tempo mandam mensagens de texto e
leem e-mails. No trabalho, executivos trocam SMS no meio das reuniões. Enviamos
mensagens (além de fazer compras e atualizar o Facebook) durante as aulas e até
encontros românticos. Meus alunos me contaram sobre uma nova habilidade: olhar
nos olhos da pessoa enquanto digitamos uma mensagem no celular para outra; é
difícil, mas não impossível.
Nos
últimos 15 anos, estudei tecnologias móveis e conversei com centenas de pessoas
sobre suas vidas plugadas. Aprendi que os pequenos aparelhos que carregamos são
tão poderosos a ponto de mudarem não apenas o que fazemos, mas quem somos.
Nós
nos acostumamos a uma nova situação: estar “juntos sozinhos”. Munidos da
tecnologia, podemos estar em contato com qualquer um, em qualquer lugar,
conectados ao ambiente que desejarmos. Queremos personalizar nossas vidas.
Queremos entrar e sair de onde quer que estejamos. E com isso, nos acostumamos
a estar em uma tribo de uma pessoa só, leais ao nosso próprio partido.
Colegas
de trabalho querem participar das reuniões, mas só prestam atenção no que lhes
interessa. Para alguns, é uma boa ideia, mas é possível que acabemos nos
escondendo, mesmo constantemente conectados.
(...)
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Para continuar a leitura, acesse: http://observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_ed695_amizade_a_conta_gotas
Sherry Turkle – Psicóloga,
professora do MIT e autora de Alone Together - 22.05.2012
Reproduzido
do suplemento “Link” do Estado de S.Paulo, 21.05.2012; tradução de
Augusto Calil.
IN “Observatório de Imprensa”, edição 695.