quarta-feira, 24 de setembro de 2014

“A juventude despolitizada de 2013 parece ter encontrado sua redentora”. Entrevista especial com Adriano Codato


ADRIANO CODATO - "A despeito das paixões de seus torcedores, MARINA SILVA não reinventará a política nacional. Pelo contrário, ela reforça os regulamentos e as práticas existentes. Utiliza todos os recursos tradicionais da tradicional política brasileira: migração entre partidos, personalismo, alianças multipartidárias (logo, 'não ideológicas'), apoios heterodoxos. O interessante é que ela faz tudo isso dizendo que não o faz e ampla parcela dos eleitores desiludidos com a velha política acredita (...) Penso que a repercussão das MANIFESTAÇÕES DE JUNHO DE 2013, já está sendo sentida pelo sistema político e pelos seus protagonistas. Marina Silva, uma política de carreira, conseguiu encarnar a figura da política pura em meio aos impuros e apresentar-se como a promessa de redenção dos males nacionais repetindo um chavão sem conteúdo: 'REFORMA POLÍTICA'. Imagina-se que através dela seja possível repudiar a política real (apoios 'FISIOLÓGICOS', amplas maiorias, sistemas de corrupção), os partidos tradicionais, 'Tudo isso que aí está', enfim. A juventude despolitizada de 2013 parece ter encontrado sua redentora".

Patrícia Fachin
 “Imagina-se que através de Marina seja possível repudiar a política real (apoios ‘fisiológicos’, amplas maiorias, sistemas de corrupção), os partidos tradicionais, ‘tudo isso que aí está’”, comenta o cientista político.
O crescimento de Marina Silva nas pesquisas eleitorais é uma consequência e uma “repercussão das manifestações de junho de 2013”, avalia Adriano Codato em entrevista à IHU On-Line. “Uma política de carreira”, menciona, Marina“conseguiu encarnar a figura da política pura em meio aos impuros e apresentar-se como a promessa de redenção dos males nacionais repetindo um chavão sem conteúdo: ‘reforma política’”. Para ele, uma terceira via na política brasileira a partir da eleição de Marina, “que é uma costela do PT, diga-se de passagem, só conseguirá, porém, firmar-se como força política (e não simplesmente eleitoral) se conseguir eleger também uma bancada razoável na Câmara dos Deputados (bem acima dos atuais 5%), governadores nos estados, etc.”. E acrescenta: “Será inevitável aceitar, caso Marina vença, o desembarque maciço da tropa do PMDB, a aproximação e, tão logo seja decente, o casamento com o PSDB e, quem sabe o futuro, até mesmo a ressurreição do DEM”.
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Patrícia Fachin – 05.09.2014
Adriano Codato - Cientista Político e Professor da UFPR
IN Instituto Humanitas Unisinos.