outro efeito nefasto
da alarmante letalidade policial é a destruição da legitimidade da ação da
polícia junto a grandes parcelas da população. Os jovens da periferia
desconfiam da ação da polícia e sentem medo quando a polícia está presente. A
presença da polícia é fator de insegurança para os jovens negros da periferia,
contrariando todas as nossas crenças de que a presença da polícia transmita a
sensação de segurança. O descrédito na polícia é muito negativo para a ordem
democrática, pois reforça a legitimidade de soluções fora da lei, incluindo a
administração de conflitos por agentes vinculados ao crime e a violência
cometida com as próprias mãos.
Jacqueline
Sinhoretto
Os números alarmantes da letalidade
policial precisam ser melhor estudados por relatórios independentes e por
pesquisadores. Mas o mais importante é que eles sejam explicados pela Polícia
Militar e pela Secretaria de Segurança Pública, pois eles devem ao público
transparência e compromisso. É preciso que o Comando da PM, a SSP e o Governo
do Estado de São Paulo expliquem porque aumentaram os confrontos com mortos nas
atuações policiais. E expliquem o que está dando errado nas operações policiais
para que elas estejam fugindo tanto ao controle e produzindo resultados
indesejados com tanta frequência.
Não obstante, as declarações do
governador e o próprio discurso da PM indicam que o crescimento do número de
mortos está ligado a uma política de segurança que aposta no confronto
violento, ao invés de apostar em investigação e inteligência para realizar o
controle do crime. Entrevistas concedidas por policiais civis aos pesquisadores
da UFSCar têm abordado a sensação de desprestígio que a polícia investigativa sente
diante da gestão Alckmin. Alguns usaram a expressão “sucateamento da Polícia
Civil”. Eles percebem um privilégio à PM para atuar em procedimentos sigilosos
promovidos em parceria com setores do Ministério Público, atuando num modelo de
investigação pouco democrático e com objetivos não muito esclarecidos.
(...)
Para continuar a leitura, acesse http://ponte.org/sp-precisa-explicar-os-erros-de-sua-politica-de-seguranca-publica/
Jacqueline
Sinhoretto – Professora
do Departamento de Sociologia da UFSCar, Coordenadora do Grupo de Estudos sobre
Violência e Administração de Conflitos (GEVAC) – 09.08.2014
IN A ponte.org.