As metrópoles se
transformaram, assim como os paradigmas da pesquisa sobre os problemas urbanos.
Fabrício Marques
Os problemas urbanos do Brasil se tornaram mais complexos nas últimas
décadas, e a FAPESP, ao longo de seus 50 anos, financiou o trabalho de
pesquisadores que revelaram essa transformação. Se na década de 1970 os estudos
diagnosticavam as periferias das metrópoles como um território fortemente
atingido por ondas migratórias e uniformemente alijado da presença do Estado, o
paradigma atual da pesquisa mostra que elas se tornaram heterogêneas, são
contempladas com serviços públicos de saúde e educação, ainda que com qualidade
desigual, mas que comprometem a vida de seus moradores com deficiências de
transporte e violência, para citar dois exemplos. Outra mudança de paradigma
tem a ver com a capacidade de reunir dados sobre as cidades e utilizá-los, com
a ajuda de recursos computacionais, para gerar conhecimento novo e aplicações
para a sociedade. “A massa de dados disponível hoje é gigantesca e permite
realizar estudos de grande alcance. Há não muito tempo os pesquisadores eram
obrigados a restringir o alvo de pesquisa pela dificuldade de coletar dados”,
explica Marta Arretche, professora do Departamento de Ciência Política da
Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da Universidade de
São Paulo (USP) e diretora do Centro de Estudos da Metrópole (CEM), um dos 11
Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (Cepid) apoiados pela FAPESP entre 2000
e 2011.
Uma das vocações do CEM é produzir e disseminar dados georreferenciados
sobre as principais metrópoles brasileiras. “Quando começamos, o
geoprocessamento era pouco desenvolvido no país e as bases cartográficas,
raras”, diz Eduardo Marques, professor do mesmo departamento da USP e diretor
do centro entre 2004 e 2009. “Órgãos públicos produziam dados, que acabavam não
sendo disponibilizados. Nós compramos bases de dados, digitalizamos e
integramos outras, usamos para nossas pesquisas e as colocamos no nosso site,
de graça.” O centro também desenvolve estudos e projetos sob encomenda. Quando
alguma esfera de governo precisa de um trabalho específico, o CEM faz o
geoprocessamento com dados disponíveis, que são analisados e cruzados pelos
pesquisadores do centro.
(...)
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Fabrício Marques – março de 2012
IN Revista Fapesp, Ed. 193.
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