A guerra às drogas está sendo abandonada. Em quatro
Estados e em Washington, a maconha foi legalizada. Em vários outros, sua posse
foi descriminalizada. (...)
Acontece que reduzir substancialmente a população
carcerária não é tarefa simples. Restringir a entrada no sistema de indivíduos
condenados por crimes relativamente leves, sem uso de violência e sem caráter
sexual – que corresponde a muito do que tem sido feito até agora (...)
Outro problema é que as pessoas que administram o
sistema têm incentivos significativos para manter as coisas como estão.
The Economist
O sistema prisional dos Estados Unidos parou de
crescer. Agora, é hora de tomar medidas concretas para fazê-lo encolher
David Peace, um sujeito de 35 anos nascido em
Dallas, nunca usou a internet. Também nunca fez uso de um telefone celular,
nunca tirou carta de habilitação e nunca teve um emprego. Negro, com um físico
robusto e um sorriso largo, foi condenado em 1997 por lesão corporal
qualificada, depois de usar uma faca numa briga com um vizinho. Os anos que a
maioria dos homens de sua idade dedicariam ao trabalho ou à constituição de uma
família, Peace passou em diversas penitenciárias do Texas. Em 2016 ele poderá
deixar o estabelecimento penal de segurança mínima de Cleveland, cidade próxima
a Houston, onde está preso atualmente. A perspectiva de enfrentar o mundo do
outro lado das grades ainda o intimida. “Tenho a sensação de ter sido deixado
para trás”, diz ele. “Vivi esses anos todos num lugar onde as escolhas eram
feitas por mim e agora preciso aprender a fazer as escolhas certas.”
Nenhum outro país mantém tanta gente presa
quanto os EUA – ou adota penas de reclusão tão longas. Considerando-se o
conjunto de penitenciárias federais e estaduais, cadeias locais e centros de
detenção de imigrantes, há cerca de 2,3 milhões de pessoas encarceradas no
país. O sistema pune com especial rigor os negros e hispânicos, cujas taxas de
detenção são, respectivamente, seis e duas vezes mais altas que a dos brancos.
Um terço dos jovens negros do sexo masculino estão fadados a ver o sol nascer
quadrado em algum momento da vida. E o que não falta nas penitenciárias
americanas são drogas, abusos e violência. Apesar disso, o custo para o contribuinte
é de cerca de US$ 34 mil por detento ao ano. O total da conta chega a
aproximadamente US$ 80 bilhões.
(...)
Para continuar a leitura, acesse http://internacional.estadao.com.br/noticias/geral,escolhas-certas,1710403
The Economist – 21.06.2015
IN The Economist –
traduzido para O Estado de São Paulo.