Ariadne Natal – “O linchamento tem que ser
problematizado como algo condenável, e os responsáveis precisam ser punidos. Se
houvesse conduta diferente dos policiais ao chegar a uma cena de linchamento,
teríamos ao menos uma sensação de receio entre pessoas que um dia possam
cogitar participar de algo dessa natureza.
Quem lincha sabe que
tem respaldo social para isso no Brasil. Quem está ali linchando sabe que não
haverá depoimentos de testemunhas nem maiores investigações ou punições. Do
contrário, como explicar alguém que se dispõe a assassinar uma pessoa em praça
pública, sem esconder identidade, à luz do dia, sendo até filmada? As ações dos
que assistem, da sociedade, da polícia e das instituições dão a essas pessoas a
certeza de que estão fazendo algo certo”.
Jefferson Puff
O caso de Cleidenilson Pereira da Silva, de 29
anos, espancado e esfaqueado até a morte no início de julho após ser amarrado a
um poste em São Luís, no Maranhão, chocou o país. Cercado e atacado por um
grupo após uma acusação de roubo, ele foi linchado em plena luz do dia. No Rio
de Janeiro, na segunda-feira, Newton Costa Silva também foi espancado até a
morte na favela da Rocinha, acusado de tentar matar uma mulher e seus dois
filhos.
Em comum, os dois casos trazem à tona a inegável brutalidade dos
linchamentos, um fenômeno que tem chamado a atenção no país.
Apesar de justiçamentos pelas próprias mãos configurarem crimes de
homicídio ou lesão corporal, o comportamento de alguns setores da população, de
parte da polícia e até mesmo da mídia revela por vezes um clima de aceitação da
violência quando cometida contra um suposto criminoso, na opinião da
pesquisadora Ariadne Natal, doutoranda em Sociologia pela USP.
"Quem lincha sabe que tem respaldo social para isso no Brasil.
Quem está ali linchando sabe que não haverá depoimentos de testemunhas nem
maiores investigações ou punições", afirma Natal, que analisou 589 casos
de linchamento na região metropolitana de São Paulo entre 1980 e 2009.
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a leitura, acesse http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/07/150722_linchamentos_jp_tg?ocid=socialflow_facebook
Jefferson Puff – 24.07.2015.
Ariadne Natal – Doutoranda de sociologia na FFLCH/USP.
IN BBC Brasil.