A nacionalização da tática das ocupações colocou um desafio aos
dispositivos de repressão e aos governos de diferentes estados, que reagem de
acordo com certos padrões que parecem se repetir. Em São Paulo, o aprendizado
da derrota de 2015 representou para o governo uma sofisticação e um
endurecimento do autoritarismo: ao mesmo tempo que faz a ‘reorganização’ de
maneira menos visível, ele investe na organização de grêmios aparelhados como
instrumento de verniz democrático. Quanto à repressão, aposta-se na individualização
da perseguição/criminalização dos secundaristas (...) e, sobretudo, na realização
das reintegrações de posse pela polícia militar sem necessidade de mandado
judicial.
Antônia M. Campos, Jonas Medeiros e Márcio M.
Ribeiro
No dia 23 de setembro de 2016, o
governo federal oficializou, por meio de medida provisória (MP), a nova
política de fomento às escolas de ensino médio em tempo integral. Exatamente um
ano antes era anunciada a “reorganização” da rede de ensino do estado de São
Paulo. Como a MP, a reorganização foi apresentada de maneira autoritária:
estudantes e professores receberam a notícia pela imprensa. Em ambos os caos, a
reação não tardou: no ano passado foram
cerca de duzentas ocupações de escolas pelos estudantes paulistas: este ano,
vemos novo movimento de ocupações de escolas públicas, universidades e institutos
federais, contrário tanto à reforma do ensino médio, como à PEC n. 241, outra
medida de ataque à educação pública, mas que não se restringe a esse campo.
Embora o anúncio do governador
paulista, Geraldo Alckmin, de adiar por um ano a reorganização tenha sido uma
vitória inegável do movimento secundarista, isso demonstrou que a administração
continua defendendo que “uma série de boatos” teria “confundido a população”.
Além disso, o governo segue realizando a “reorganização” disfarçada e
silenciosamente, fechando salas em vez de ciclos e escolas inteiras.
(...)
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Antônia M. Campos –
Mestre em Sociologia na Unicamp; Jonas
Medeiros – Doutorando em Educação na Unicamp; Márcio M. Ribeiro – Professor da EACH-USP – Novembro 2016.
IN Le Monde Diplomatique Brasil.