segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

O destino de Pedro Torres e as eleições de 2016


Nosso amigo não cobrava vitórias eleitorais do PT. Cobrava ideologia. Entre a crise de deposição da Dilma e as eleições de 2016, queria um partido aguerrido e não acuado. Supunha que estávamos perdendo a sociedade. Como se algum dia tivéssemos ganhado a sociedade e não apenas as eleições.

Luis Fernando Vittagliano
“Pedro ondecê vai eu também vou,
Mas tudo acaba onde começou.”
(Meu amigo Pedro – Raúl Seixas)
Usarei PedroTorres como nome fictício de um professor universitário já sexagenário. Sua trajetória política não deixa dúvidas em relação aos seus ideais: lutou contra a ditadura de 1964, viu amigos presos, colegas desaparecidos, conheceu forçosamente o mundo através do exílio e voltou ao Brasil para recuperar seus direitos políticos quando participou da fundação do PT.
Meu encontro com ele em um debate pode sintetizar em boa medida o inconformismo de parte das figuras de esquerda com a conjuntura política. Suas posições beiravam a ação desenfreada de uma metralhadora que busca o alvo aleatoriamente. Então, qualquer esquerda que tenha se postado na linha de frente de 2016 tornava-se objeto de sua crítica.
É compreensível sua atitude – como de muitos outros que em público ou em particular se dedicam ao exame político de 2016. Em parte, há uma verdade nessas reverberações: as esquerdas estão fragilizadas e acuadas. O avanço da direita não é apenas no campo eleitoral, atinge também o projeto social e salta aos olhos a disseminação de preconceitos.
(...)






Luis Fernando Vittagliano – Sociólogo e Professor Universitário – 20.10.2016.
IN Brasil Debate.