Os setores do MPF ligados à cooperação internacional passaram a
tratar de forma negativa todo conceito de soberania como se, em todas as
circunstâncias, fosse um obstáculo à inevitabilidade da nova ordem global. Como
se soberania significasse o atraso e globalização a civilização. E interesse
nacional fosse apenas um álibi para atrapalhar o trabalho dos justiceiros
globais.
De repente, procuradores caboclos e delegados tupiniquins esquecem
as origens, e são alçados à condição de polícias do mundo, ombreando-se com
colegas norte-americanos, suíços, ingleses. As novas tropas globais passam a
ser enaltecidas em séries de TV e, pouco a pouco, vão criando uma
superestrutura acima dos poderes nacionais, dando partida à judicialização da
política em nível global.
A criação de uma ideologia internacionalista e antinacional no MPF
foi um trabalho bem mais meticuloso, no qual as conferências tiveram papel
central.
Luis Nassif
Peça 1 - o cenário
pré-Lava Jato
A Lava Jato vai revelando dois aspectos do estágio de desenvolvimento
brasileiro.
O primeiro, a corrupção endêmica e generalizada que foi apodrecendo o
sistema político sem ser enfrentada por nenhum partido. Era o tema à vista de
todos e há décadas percebido pela opinião pública, o único tema capaz de
provocar a comoção geral.
O segundo, as indicações de que o país estava a caminho de se transformar
em uma potência média, repetindo a trajetória de outras potências, inclusive no
atropelo das boas normas.
Como potência média, ainda não havia desenvolvido internamente
legislações e regulamentos que disciplinassem o financiamento político, que
blindassem as empresas que representassem o interesse nacional, os
procedimentos que impedissem que o combate à corrupção comprometesse
setores da economia. Enfim, todo esse aparato jurídico-político com que as
nações desenvolvidas desenvolvem e blindam suas empresas e até tratam com
tolerância, criando uma zona de conforto para que possam pular os limites, nos
casos de ampliação do chamado poder nacional.
O Brasil trilhava o caminho de potência média, mas sem essas salvaguardas
e sem os cuidados necessários.
(...)
Para continuar a leitura, acesse http://jornalggn.com.br/noticia/xadrez-de-como-o-mpf-tornou-se-uma-forca-antinacional
Luis Nassif – Jornalista – 27.12.2016.
IN GGN.