quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

Atacar a arte é uma tradição totalitária



São muitos os exemplos de intolerância religiosa, de repressão cultural e de censura promovidos pelo totalitarismo. Isso parecia distante do Brasil. Mas, repentinamente, o monstro submerso aflorou, em um setembro tenebroso.

Nabil Bonduki
Antes de chegarem ao poder, os nazistas já combatiam a arte moderna, considerada "degenerada". Em 1927, o teórico Alfred Rosenberg acusou a livre e subjetiva estética moderna de desequilíbrio. A massificação dessa ideia seduziu milhões de alemães.
Em 1929, Rosenberg defendeu que o nazismo se preocupasse com a cultura, além da política e da economia. Quando Hitler assumiu, em 1933, o modernismo já estava ligado à imagem de degeneração.
Ele proibiu a diversidade criativa: "Iremos empreender uma guerra implacável contra os últimos remanescentes da desintegração cultural". Quatro mil obras foram incineradas. Chagall, Kandinsky, Munch, Klee, Mondrian e o nosso Lasar Segall foram banidos.
Em 2001, o Talebã ordenou a destruição de todas as estátuas do Afeganistão e bombardeou a maior imagem de um buda do mundo, patrimônio da humanidade. "Somente Alá, o Todo-Poderoso, merece ser cultuado". O Estado Islâmico destruiu a cidade assíria de Nimrud, um museu em Mossul (Iraque) e as ruinas de Palmira (Síria). "As obras estimulavam a adoração de imagens, contrariando o islamismo".
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Nabil Bonduki – Arquiteto Urbanista, Professor da FAU/USP – 03.10.2017.
IN Folha de S. Paulo.