São muitos os exemplos de intolerância
religiosa, de repressão cultural e de censura promovidos pelo totalitarismo.
Isso parecia distante do Brasil. Mas, repentinamente, o monstro submerso
aflorou, em um setembro tenebroso.
Nabil Bonduki
Antes de chegarem ao poder, os nazistas já combatiam a arte moderna,
considerada "degenerada". Em 1927, o teórico Alfred Rosenberg acusou
a livre e subjetiva estética moderna de desequilíbrio. A massificação dessa ideia
seduziu milhões de alemães.
Em 1929, Rosenberg defendeu que o nazismo se preocupasse com a cultura,
além da política e da economia. Quando Hitler assumiu, em 1933, o modernismo já
estava ligado à imagem de degeneração.
Ele proibiu a diversidade criativa: "Iremos empreender uma guerra
implacável contra os últimos remanescentes da desintegração cultural".
Quatro mil obras foram incineradas. Chagall, Kandinsky, Munch, Klee, Mondrian e
o nosso Lasar Segall foram banidos.
Em 2001, o Talebã ordenou a destruição de todas as estátuas do
Afeganistão e bombardeou a maior imagem de um buda do mundo, patrimônio da
humanidade. "Somente Alá, o Todo-Poderoso, merece ser cultuado". O
Estado Islâmico destruiu a cidade assíria de Nimrud, um museu em Mossul
(Iraque) e as ruinas de Palmira (Síria). "As obras estimulavam a adoração
de imagens, contrariando o islamismo".
(...)
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Nabil Bonduki – Arquiteto Urbanista, Professor da FAU/USP – 03.10.2017.
IN Folha de S. Paulo.