Tendo em vista o pequeno destaque dado às
questões de política internacional em nossas campanhas eleitorais, o observador
desencantado poderia desprezar essas diferenças, dando como certo que os dois
grupos venham a fazer uma conta de chegar e acabarão por cobrir esse item da
pauta com generalidades pouco comprometedoras.
Pode ser. Mas isso não depende apenas da
vontade dos interessados. A política eleitoral tem a sua lógica própria, e os
fatos da política internacional às vezes se intrometem nela mesmo sem serem
chamados.
Sebastião Velasco
Convenhamos, não é trivial. Como construir uma
posição claramente diferenciada, sólida o bastante para resistir aos embates e
chegar ao final da disputa com alguma chance de sucesso? Em outras palavras,
como escapar à lógica binária que há décadas vem se afirmando com tal força na
política brasileira? E como fazer isso quando esta lógica comanda também as
estratégias dos concorrentes?
Tivemos um exemplo prático dessa verdade durante o
encontro recente de Aécio Neves (PSDB-MG) e de Eduardo Campos (PSB-PE) com
grupo seleto de empresários, em um resort na Bahia. Suas manifestações a
respeito dos temas de suas respectivas plataformas não tem tanta importância –
afinal de contas, elas estão ainda em processo de elaboração, e mesmo depois de
anunciadas haverá tempo suficiente para retificá-las se for o caso. Seja como
for, pouco se falou desse aspecto da conversa. O que restou do convescote foi a
declaração de Aécio de que não conseguia ver em Campos um adversário, e a foto
antológica dos dois estendendo a bandeira brasileira para os fotógrafos, qual
capitães de times. Com este detalhe: do mesmo clube, o time titular e o
reserva.
Não surpreende que esse episódio tenha feito
disparar a sirene de alarme no QG marino-campista. O reposicionamento a que
assistimos nos últimos dias – tímido ainda, desigual, desajeitado – é expressão
do reconhecimento tardio de Eduardo Campos de que não haverá futuro para a
chapa que ele encabeça se o desafio de afirmar a sua identidade própria não for
enfrentado.
As manifestações de desacordo com Aécio em questões
programáticas, e as indicações de que a aliança PSB-Rede disputará os governos
de inúmeros estados – São Paulo e Minas inclusive – com candidatos próprios
manifestam a disposição de lutar por esse objetivo.
Mas serão os esforços nesse sentido bem sucedidos?
(...)
Para
continuar a leitura, acesse - http://www.cartacapital.com.br/internacional/a-chapa-campos-marina-e-a-politica-externa-5987.html.
Sebastião Velasco – Professor titular da Universidade Estadual de
Campinas e membro do Grupo de Reflexão sobre Relações Internacionais (GR-RI) –
28.05.2014
IN Carta Capital.