A capa deO GLOBO DO
DIA 15 de agosto de 2014 contém um resumo da postura da grande mídia brasileira
perante a cobertura das eleições. (...)
Os elementos na capa
do Globo podem ser divididos em duas categorias, os de mais longa duração e os
conjunturais. Os primeiros são o ataque ao PT e o agendamento e enquadramento
de uma suposta crise econômica e de outra suposta crise política. O viés
anti-PT apareceu também forte em nossa análise da eleição de 2010, ou seja,
também não é novidade. (...)
Quanto à conjuntura, contudo, o que transparece é um quadro ainda um pouco conturbado. Por um lado, as reportagens do jornal apontam para o favoritismo de Marina com entusiasmo, assim como alguns colunistas, por exemplo, Noblat. Na morte, conferiram a Eduardo Campos uma importância e valor que nunca haviam lhe dado em vida. O desafortunado político pernambucano foi decantado nas páginas dos três jornais como um tipo de messias: aquele que iria trazer a boa nova da política depurada de "tudo que está aí". E muitos textos, como a caricatura de Caruso representa de maneira grotesca, apostam na transmissão das virtudes do desaparecido para Marina.
Quanto à conjuntura, contudo, o que transparece é um quadro ainda um pouco conturbado. Por um lado, as reportagens do jornal apontam para o favoritismo de Marina com entusiasmo, assim como alguns colunistas, por exemplo, Noblat. Na morte, conferiram a Eduardo Campos uma importância e valor que nunca haviam lhe dado em vida. O desafortunado político pernambucano foi decantado nas páginas dos três jornais como um tipo de messias: aquele que iria trazer a boa nova da política depurada de "tudo que está aí". E muitos textos, como a caricatura de Caruso representa de maneira grotesca, apostam na transmissão das virtudes do desaparecido para Marina.
João Feres Junior
Uma
capa de jornal pode conter muita coisa. A capa de O Globo do dia 15 de agosto
de 2014 contém um resumo da postura da grande mídia perante a cobertura das
eleições e, ao mesmo tempo, a encruzilhada onde se encontra.
Eduardo
Campos morreu repentina e tragicamente no dia 13 de agosto. No dia seguinte, os
três maiores jornais brasileiros, Folha de S. Paulo, O Globo e Estado de S.
Paulo publicaram farta cobertura da tragédia, explorando seus aspectos
pessoais, familiares e políticos. Em 15 de agosto O Globo estampou em sua
manchete: PT pressiona para rachar o PSB de Eduardo Campos. Dois subtítulos se
seguem às letras garrafais da manchete: "Lula e Dilma telefonaram para o
presidente do partido, ligado a petistas" e "Marina Silva, porém, é a
preferida de parte dos socialistas e de aliados que compõem a
coligação...".
Essa
chamada de capa conduz a uma matéria na página 3 onde se lê em letras
garrafais, maiores do que as da manchete da capa: "PT tenta dividir
PSB". O texto da reportagem, assinada por Julianna Granjeia, é repleto de
insinuações de que o PT e Lula tenham agido de maneira moralmente condenável,
desrespeitando o luto pela morte de Campos. O resto da matéria tem um claro
sentido de mostrar que Marina conta com maior apoio tanto dentro do PSB como
entre os aliados, inclusive com um subtítulo cândido como esse: "Líderes:
ex-senadora está diferente".
Destaque
para comentário de Roberto Freire, líder do PPS, aliado histórico de Serra e do
PSDB, que miraculosamente bandeou-se para a candidatura do PSB: "queremos
que tenha segundo turno".
(...)
Para continuar a leitura, acesse http://www.cartamaior.com.br/?%2FEditoria%2FPolitica%2FA-morte-e-a-morte-de-Eduardo-Campos-uma-analise-politica-da-midia%2F4%2F31623
João Feres Junior – Cientista
político, professor do IESP/UERJ e da UNIRIO e coordenador do Manchetômetro,
website de acompanhamento da cobertura midiática das eleições 2014 do
Laboratório de Estudos de Mídia e Esfera Pública (LEMEP) do IESP/UERJ – 17.08.2014
IN Carta Maior.