Desde os anos 80 o País vive um processo de
desindustrialização que o afastou das tendências globais e da nova dinâmica dos
mercados.
Luiz Gonzaga Belluzzo e Júlio Sérgio Gomes de Almeida
O propósito deste artigo é sugerir orientação para a política industrial
do Brasil. Começamos por sustentar o ponto de vista que atribui à indústria de
transformação um papel crucial e insubstituível na determinação do desempenho
das economias modernas. Já tratamos neste espaço, em artigo anterior, do
significado da Revolução Industrial. Vamos relembrar: "A ideia da
Revolução Industrial como um momento crítico trata da constituição histórica de
um sistema de produção e de relações sociais que subordina o crescimento da
economia à sua capacidade de gerar renda, empregos e criar novas atividades. O
surgimento da indústria como forma de produção apoiada no "sistema de
maquinaria" e em fontes de energia inanimada internaliza o auto
desenvolvimento do progresso técnico e impulsiona a divisão social do trabalho,
engendrando diferenciações na estrutura produtiva e promovendo encadeamentos
intra e intersetoriais. Além de sua permanente autodiferenciação, o sistema
industrial deflagra efeitos transformadores na agricultura e nos serviços. A
agricultura contemporânea, o chamado agronegócio, não é mais uma atividade
"natural" e os serviços já não correspondem ao papel que cumpriam nas
sociedades pré-industriais. A incansável diversificação do setor de serviços
está umbilicalmente ligada à evolução tecnológica e organizacional da empresa
industrial que avança na redução do tempo de trabalho socialmente necessário e
na demanda de mão de obra extremamente qualificada. A incompreensão dos fatores
que reconfiguram essas relações tem levado aos equívocos da "economia de
serviços". O avanço da produtividade geral da economia não é imaginável
sem a dominância do sistema industrial no desenvolvimento dos demais
setores."
A Revolução Industrial não se esgotou nas transformações ocorridas na
Inglaterra no fim do século XVIII, mas revolucionou, ao longo dos séculos XIX,
XX e XXI suas próprias conquistas, ao introduzir importantes mudanças de
natureza tecnológica, empresarial e organizacional, com reverberações na vida
das sociedades e no redesenho da economia internacional.
Como afirmamos várias vezes em artigos anteriores, o Brasil desde os
anos 80 sofre um processo de desindustrialização, com severas repercussões
sobre o desempenho da economia. Na transição dos anos 70 para os 80 do século
XX, o Brasil afastou-se das tendências da indústria global, ou seja, deixou de
incorporar os novos setores e, portanto, as novas tecnologias da chamada
Terceira Revolução Industrial. Falamos da informática, da microeletrônica, da
química fina e da farmacêutica.
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Para continuar a leitura, acesse http://www.cartacapital.com.br/revista/781/confira-dos-destaques-da-edicao-781-de-cartacapital-2113.html
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Luiz Gonzaga Belluzzo – Economista, consultor especial da Carta
Capital; Júlio Sérgio Gomes de Almeida –
Economista, ex-Secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda – 06.01.2014
IN Carta Capital.