sexta-feira, 22 de maio de 2015

A política externa de Dilma e suas narrativas


Dilma e seu corpo de colaboradores diretos, vitoriosos nas urnas, parecem estar diante de grande dificuldade para criar uma narrativa positiva que reconheça os avanços do seu governo em assuntos internacionais.
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 Assim, mesmo com avanços apoiados em fatos objetivos, como a intensificação da cooperação Sul-Sul e com os BRICS, a defesa dos direitos humanos em diversos fóruns internacionais, a manutenção e por vezes aumento da construção de infraestrutura regional, defesa dos países em desenvolvimento, compromisso explícito com a paz, democracia e reforma dos organismos internacionais, reposicionamento das forças armadas com a compra dos caças suecos, aprimoramento de mecanismo de participação social na política externa, além da resposta ao grave caso de espionagem envolvendo o governo norte-americano, o seu governo não foi capaz de metabolizar e defender suas conquistas e amansar as dúvidas.

Daniel Rei Coronato
A narrativa é um dos elementos fundamentais da política, especialmente da política externa de um país. A forma como fatos são contados, interpretados e manipulados, geralmente separa sucesso e fracasso, ainda que a realidade objetiva não dê elementos suficientes para uma análise unidimensional.
Mesmo que a tradição orwelliana nos diga que a história é escrita pelos vencedores, Dilma Rousseff e seu corpo de colaboradores diretos, vitoriosos nas urnas, parecem estar diante de grande dificuldade para criar uma narrativa positiva que reconheça os avanços do seu governo em assuntos internacionais.
Suas conquistas e triunfos foram apequenados frente à imensidão de entendimentos sobre a atuação do Brasil no cenário global, trazendo à tona todo o tipo de dedução e especulação.
A comunidade acadêmica, que em política externa tem historicamente ficado à mercê do conhecimento produzido por pesquisadores com fortes ligações com o poder, têm mantido constante má vontade de dialogar ou contrapor com argumentos científicos os debates postos pela grande mídia e nas ruas.
Essa pequena fidalguia de detentores das narrativas científicas dá mostras que pretendem proporcionar um papel negativo nos manuais que regularmente são produzidos pelos mesmos.
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Daniel Rei Coronato – Professor de Relações Internacionais do Centro Universitário SENAC-SP e doutorando em Relações Internacionais pelo Programa de Pós-Graduação San Tiago Dantas – 05.12.2014
IN Brasil Debate.