Paradoxalmente, os governos
petistas promoveram mudanças sociais que ultrapassam sua capacidade de dialogar
com os setores ascendentes. Os segmentos médios, em particular os emergentes,
não reconhecem a centralidade das políticas capitaneadas pelo partido em sua
melhora material – dão mais importância a seus méritos próprios. Noutros
termos, o partido promove uma mudança que solapa suas próprias bases eleitorais
e de legitimidade no médio prazo, pois é cada vez mais frágil junto aos setores
médios de renda.
Cláudio Gonçalves Couto
Nas
últimas duas décadas e, em particular, nos últimos doze anos, o país passou por
mudanças estruturais do ponto de vista de sua estratificação social. elas
alteraram as relações de classe
tradicionalmente estabelecidas e levaram a uma desorganização das referências
antes postas. A considerável redução da pobreza e da desigualdade, bem como a
ascensão de um considerável contingente de cidadãos a níveis médios de renda
(sem que se possa chamá-los propriamente de “classes médias”) impactou
significativamente o sistema de distinção social em vigor.
Com
os emergentes ganhando acesso a bens e lugares antes exclusivos das camadas
médias e altas estabelecidas, diluiu-se parcialmente uma distinção baseada nos
padrões de consumo e acesso exclusivo a espaços privilegiados. Tal diluição
provocou incômodo em segmentos dos setores estabelecidos, alimentando
ressentimentos de algumas de suas parcelas e abrindo espaço para sua
radicalização política – potencializada pelo discurso raivoso de certos
publicistas da mídia tradicional e das novas mídias. As redes sociais
engrossaram o fenômeno, pois formam uma sobopinião pública que reitera sentimentos
e convicções.
(...)
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Cláudio Gonçalves Couto
– Cientista Político professor da FGV/SP – 04.05.2015
IN
O Estado de São Paulo.