quinta-feira, 7 de maio de 2015

O paulista Ge-ral-do



 
Quem é o político católico e caipira que assume pela quarta vez o governo de São Paulo?


Julia Dualibi 
Em abril de 1964, o governo de São Paulo desapropriou das Indústrias Reunidas Francisco Matarazzo, no Morumbi, Zona Sul da capital, um terreno de pouco mais de 67 mil metros quadrados. Tornada bem público, a área, que abrigaria a Universidade Comercial Conde Francisco Matarazzo, abateu parte das dívidas fiscais que o grupo empresarial do conde Chiquinho tinha com o estado. O projeto original da universidade, de 1938, era de autoria do italiano Marcello Piacentini, arquiteto oficial do regime fascista de Benito Mussolini. Ao longo dos anos, o prédio passou por alterações que resultaram num arremedo arquitetônico de referências neoclássicas, barrocas e coloniais, no qual cavalos de bronze misturam-se a estátuas de mulheres de 3 metros de altura.
Em 1965, com o nome de Palácio dos Bandeirantes, foi inaugurada a nova sede do Executivo. Na cerimônia, o governador Adhemar de Barros comemorou o fato de a nova casa distar 13 quilômetros da antiga sede do governo, o Palácio dos Campos Elíseos, no Centro: “Aqui eu posso ficar em paz. Posso caminhar sem que ninguém me peça dinheiro ou emprego.” Em 1966, quando o fim do mandato o obrigou a se afastar daquele jardim, Adhemar era o político que havia governado São Paulo por mais tempo, desde que os governadores passaram a ser eleitos pelo voto direto, em meados do século XX.
Em 8 de março de 2013, o recorde de Adhemar de Barros foi quebrado por Geraldo José Rodrigues Alckmin Filho. O médico anestesista de 62 anos, nascido em Pindamonhangaba, no Vale do Paraíba, interior de São Paulo, casado, pai de três filhos e avô de quatro netos, já passou, até 1º de dezembro deste ano, 3 281 dias no comando do estado que reúne 22% do eleitorado brasileiro. Desde que ocupa o Palácio dos Bandeirantes, não foram poucas as vezes que o tucano anunciou a volta da sede do governo para o Centro. Mas, assim como Adhemar, preferiu a paz no Morumbi.
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Julia Dualibi – Jornalista – 24.12.2014
IN Revista Piauí, n. 99.