sábado, 21 de novembro de 2015

A cobertura das tragédias e a consequente indignação seletiva


Mariana, Síria, Fortaleza, Paris. Qual o papel dos meios na mobilização dos sentimentos de empatia e indignação pelas vítimas de grandes desastres?

Mônica Mourão e Helena Martins
Nos últimos dias, diversas tragédias assolaram o mundo. Aqueles que, como nós, não vivenciaram os acontecimentos diretamente, tomaram conhecimento deles a partir do recorte e da construção midiática dos fatos: dos atentados em Paris, passando pelo crime ambiental em Minas Gerais e a chacina em Fortaleza.
A história se repete: um desastre em algum lugar do mundo gera manifestações de solidariedade, hashtags e avatares nas redes sociais. De imediato, um grupo reage lembrando outros casos de atentados, mortos e desabrigados em lugares em guerra, famílias vivendo em situações insalubres. 
Casos, às vezes, acontecidos em dias muito próximos. “Indignação seletiva!” – acusam de um lado. “Minha indignação não é seletiva!” – respondem de outro. “Somos todos (e todas) Paris, Síria, Mariana, Fortaleza”. Não, não somos. Somos diversos, com diversas experiências e bagagens afetivas e culturais, que influenciam na forma como reagimos a cada tragédia. Parte significativa dessa bagagem, do conhecimento que temos dos lugares, povos e tragédias vem de um lugar comum: os grandes meios de comunicação.
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Mônica Mourão e Helena Martins - Jornalistas e integrantes do Intervozes – 16.11.2015
IN Carta Capital.