“Está sendo um grande aprendizado de política,
democracia e convivência. Conheci várias pessoas que estudam na mesma escola
que eu há anos, mas que eu nunca tinha visto. Nós não vamos desocupar. Vamos
resistir até que essa proposta seja revista. Precisamos sim de uma
reorganização, mas que ela seja discutida com a comunidade escolar e não
imposta” [ diz estudante].
Sarah Fernandes
São Paulo – Eram só 10h, mas os alunos da Escola Estadual Ana Rosa
Araújo, na Vila Sônia, zona oeste de São Paulo, já tinham realizado muitas
atividades. E não estamos falando da resolução de problemas de matemática ou de
interpretação de textos. Os jovens já haviam limpado a escola, cozinhado,
recebido os pais e realizado uma assembleia para definir os rumos da ocupação
do colégio, iniciada na última sexta-feira (13), em protesto contra o
fechamento de pelo menos 93 instituições de ensino anunciado pelo governo
Geraldo Alckmin (PSDB). Até o fim da tarde de hoje (18) eram 48 escolas
ocupadas no estado contra a medida, que faz parte do projeto de “reorganização”
da educação paulista.
“Nós realizamos uma assembleia aqui em frente à escola às 5 horas
da sexta-feira, antes do início das aulas, e concordamos que ocupar era nossa
única alternativa de conseguir permanecer aqui. Foi o que fizemos”, conta o
estudante do primeiro ano do ensino médio na escola José Vinicius Soares. A
partir do ano que vem, sua escola passará a oferecer apenas o fundamental II e
ele e os amigos terão de migrar para a escola Adolfo Gordo Senador. A
transferência será automática, por um sistema informatizado. Os alunos são
apenas notificados da mudança.
Desde que ocuparam as escolas, eles se dividiram em comissões, que
são responsáveis pela limpeza do local, pelo preparo da comida, pelo contato
com a imprensa, pelo controle dos portões e pela organização de atividades
culturais. “Já fizemos sessões de cinema ao ar livre, shows, teatros, saraus e
leituras de poesias. Esta escola nunca teve tanta vida cultural como agora”,
conta José Vinicius, que se mantém em contato com os estudantes de outras
ocupações pelas redes sociais, em especial o Facebook e o Whatsapp.
“Está sendo um grande aprendizado de política, democracia e
convivência. Conheci várias pessoas que estudam na mesma escola que eu há anos,
mas que eu nunca tinha visto. Nós não vamos desocupar. Vamos resistir até que
essa proposta seja revista. Precisamos sim de uma reorganização, mas que ela
seja discutida com a comunidade escolar e não imposta”, conta a estudante
Marissol Dias, também do primeiro ano do ensino médio, sentada atrás de um
cartaz feito pelos estudantes, que dizia: “Ordem e progresso é coisa de
fascista. Quero liberdade, igualdade e justiça”.
(...)
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Sarah Fernandes
– Reporter da RBA – 18.11.2015
IN Rede Brasil Atual.