Nasser – “O Estado Islâmico é muito mais
perigoso que a Al-Qaeda, porque, além de promover ações como as que ocorreram
em Paris, domina um território com 5, 6 milhões de pessoas e age como se fosse
um Estado – a estimativa é que tenha de 30 a 35 mil combatentes. Opera como se
fosse guerrilha e atua como terrorista. É muito diferente da Al-Qaeda, muito
mais perigoso. Lembremos que fez os atentados contra o avião russo e no Líbano
e está agindo em várias frentes, porque está sendo atacado também. Está
tentando mostrar reação. Se quiser combater, tem que reconhecer que é um grupo
poderoso e importante. Não adianta fazer escárnio e achar que é um bando de
loucos. É um grupo muito perigoso, muito bem estruturado e tem um poder de
atração: três mil europeus aderiram ao EI no ano passado. Nos EUA, em 2014,
foram 125 [pessoas que aderiram ao EI], e em 2015, 250. Um dos autores é francês. Então, não adianta vir com essas histórias de que os terroristas vêm de fora[como refugiados]. Alguns podem ter vindo, mas há também cidadãos europeus - o que é mais perigoso ainda".
Anna Beatriz Anjos
Na
última sexta-feira (13), atentados terroristas deixaram 129 mortos e 352
feridos em Paris. Segundo autoridades da França, os ataques foram executados
por três grupos coordenados, que agiram em seis locais durante a noite. No
sábado (14), o Estado Islâmico assumiu a autoria dos ataques, o que gerou
reação imediata do governo francês: o presidente François Hollande prometeu
travar “combate implacável contra o terrorismo” e o primeiro-ministro Manuel
Valls assegurou que a ofensiva militar conduzida pelo país na Síria não
cessará.
Para
Reginaldo Nasser, professor de Relações Internacionais da Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo (PUC-SP), uma resposta militarizada da França no
território dominado pelo EI apenas alimentará a espiral de violência, que
atinge sobretudo civis de ambos os lados. “Para acabar com esse conflito é
preciso secar o EI de recursos. Precisamos saber quem vende armas paras eles,
de onde arrecadam dinheiro, para quem vendem petróleo – se você cortar isso,
acabou a organização. Ela não vai morrer de um dia para o outro com a bomba
salvadora, mas vai definhar”, argumenta. “Fica difícil imaginar que se a França
mandar alguns aviões, fizer alguns bombardeios e soltar um míssil vai acabar
com o Estado Islâmico – não vai. E, infelizmente, como o EI vai reagir ?
Matando inocentes.”
(...)
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Reginaldo Nasser – Professor de Relações Internacionais da
PUC/SP.
Anna Beatriz Anjos – 15.11.2015
IN Revista Forum.