terça-feira, 8 de março de 2016

Aletheia: a justiça sem vendas


Aletheia, a justiça sem vendas, não vê isso. Partidarizou e, no fundo, amesquinhou a Lava Jato. É risível escutar no rádio ou na TV que Lula foi o ‘principal beneficiário’ da corrupção na Petrobrás. Até que ponto a estratégia de atuação conjunta entre Moro e a mídia vai perdurar? Aletheia atua para acirrar mais os ânimos na sociedade brasileira e para fazer posicionarem-se aqueles que ainda não tinham tomado partido nessa disputa.

Wagner de Melo Romão
A Operação Lava Jato começou há dois anos em busca de desbaratar uma quadrilha de doleiros. Teve o mérito de desvendar os mecanismos do vasto esquema de corrupção que envolve as grandes empreiteiras deste á[os e arte ex´ressova de ´pç[tocps çogadps ap atiaç gpvermp. ,edoadas ´pr doretpres da Petrobras. A operação mostrou que, no Brasil de hoje, ninguém está acima da lei. Nem políticos, nem presidentes de empreiteiras. Mais que isso, explicitou como a cartelização do grande capital tem se apoderado de nacos do Estado e desviado recursos que poderiam reforçar nossos hospitais, nossas escolas, nossas iniciativas de combate à desigualdade social.
Hoje [04.03.2016], no entanto, a operação perdeu definitivamente sua razão. O que Aletheia desvela é uma justiça que tira suas vendas para miraru em um grande líder político e transformar-se em um espetáculo de linchamento público. A obsessão de Sérgio Moro é se tornar inesquecível como líder da Mani Pulite à brasileira. Em sua cruzada, a ‘condução coercitiva’ de Lula e sua provável futura prisão tornaram-se o troféu que simbolizará a vitória final da Justiça contra a classe política corrupta. É aí, no entanto, que a Lava Jato se partidariza e se mistura ao jogo sujo da política. Moro toma partido no fla-flu que divide o País.
(...)



Wagner de Melo Romão – Cientista Político, professor da Unicamp – 05.03.2016.
IN O Estado de São Paulo.


Xadrez da cassação

 

A estratégia dos enxadristas da Lava Jato combina duas linhas de força. De um lado, plantam devagar cerco que imobiliza o ex-presidente Lula. De outro, avançam rápido na direção de comprometer a presidente da República. Lembro que o anterior fato espetaculoso, também preparado com esmero, foi a prisão "em flagrante" do líder do governo no Senado, Delcídio do Amaral. Ressalte-se: do governo.
Os erros que Dilma comete contribuem para a eficácia da estratégia. 

André Singer
A espetacular prisão de João Santana, em timing cada vez mais calculado, joga, não por acaso, lenha grossa na fogueira de novas eleições para presidente e vice este ano. Apanha Dilma em curso de perigoso isolamento, ao mesmo tempo em que a alternativa do impeachment continua queimada pelos erros de Michel Temer e pela imagem de Eduardo Cunha. Nesse contexto, a "operação derruba chapa" procura pressionar o frágil colegiado do TSE a cassar os vitoriosos em 2014.
A estratégia dos enxadristas da Lava Jato combina duas linhas de força. De um lado, plantam devagar cerco que imobiliza o ex-presidente Lula. De outro, avançam rápido na direção de comprometer a presidente da República. Lembro que o anterior fato espetaculoso, também preparado com esmero, foi a prisão "em flagrante" do líder do governo no Senado, Delcídio do Amaral. Ressalte-se: do governo.
Os erros que Dilma comete contribuem para a eficácia da estratégia. Na medida que o ex-presidente fica na berlinda, aumenta a tentação da atual mandatária salvar-se por conta própria. Há indícios de que o Planalto cedeu à ilusão de que se cumprir o programa liberal completo receberá salvo conduto para cumprir o resto do mandato, mesmo que Lula e o PT se estrepem.
(...)
Para continuar a leitura, acesse http://www1.folha.uol.com.br/colunas/andresinger/2016/02/1744035-xadrez-da-cassacao.shtml  (ou http://www.blogdomagno.com.br/ver_post.php?id=156939)



André Singer – Cientista político e professor da USP – 27.02.2016.
IN Folha de São Paulo (Republicado no Blog de Magno Martins).