sexta-feira, 4 de março de 2016

Vannuchi: ‘Estado democrático de direito não vigora mais no país’


Paulo Vannuchi – "Agora não é mais uma ditadura, mas o Estado democrático de direito, rigorosamente, não está mais vigindo no Brasil.
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Trata-se de tentar a inelegibilidade de Lula, porque sabem que, numa disputa democrática, ele vence. A elite brasileira, o sistema político, o partido da mídia – Rede Globo, Veja – todos se uniram na ideia de que, neste momento, não vai dar para respeitar as regras da democracia. Um golpe 'paraguaio'".

Redação RBA
São Paulo – O analista político da Rádio Brasil Atual, Paulo Vannuchi, afirma que as ações desencadeadas na manhã de hoje (4), que culminaram com a condução coercitiva do ex-presidente Lula, deixam claro que a Operação Lava Jato assumiu um comportamento autônomo e se afastando do Estado de direito. Ele compara as ações da PF de hoje às levadas a cabo pelo DOI-Codi, durante a ditadura, que também, por vezes, atuava à revelia da cúpula militar.
"Agora não é mais uma ditadura, mas o Estado democrático de direito, rigorosamente, não está mais vigindo no Brasil", destaca Vannuchi. Para o comentarista, os objetivos políticos da Operação Lava Jato e do partido da mídia, que acoberta as arbitrariedades e vazamentos seletivos e criminosos dos primeiros estão claramente estampados.
"Trata-se de tentar a inelegibilidade de Lula, porque sabem que, numa disputa democrática, ele vence. A elite brasileira, o sistema político, o partido da mídia – Rede Globo, Veja – todos se uniram na ideia de que, neste momento, não vai dar para respeitar as regras da democracia. Um golpe 'paraguaio'", avalia Vannuchi, lembrando o processo que levou à destituição do presidente Fernando Lugo, no país vizinho.
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Redação RBA –04.03.2016.
Paulo Vannuchi – Ex-ministro da Secretaria Nacional de Direitos Humanos.
IN Rede Brasil Atual.


Condução de Lula para depor foi ilegal e espetacularizada, dizem advogados


Fábio Tofic Simantob avalia que foi criada uma sistemática perversa e perniciosa na "lava jato". Em sua opinião, esse método começa com o vazamento seletivo, como que preparando a opinião pública, para uma medida drástica. E, quando essa medida vem, todos a aceitam sem questionar. Segundo Tofic, mesmo depois da medida drástica, continua a divulgação seletiva de fatos para a imprensa, muitas vezes distorcidos, com o objetivo de demonizar o investigado na opinião pública.
"Assim se consegue legitimar toda medida de restrição de direito na opinião pública". 

Tadeu Rover e Giselle Souza
A operação "lava jato", que investiga um esquema de corrupção na Petrobras, chegou ao presidente Lula e a seu instituto. Porém, apesar da aparente boa intenção dos investigadores de combater a corrupção, o modus operandi deles foi mais uma vez criticado por advogados. A transformação de cada fase em um espetáculo midiático e o desrespeito às normas penais foram ressaltados por advogados consultados pela revista Consultor Jurídico. 
Antonio Cláudio Mariz de Oliveira entende que houve ilegalidade na condução coercitiva do ex-presidente Lula. O criminalista explica que a condução coercitiva, segundo a lei, só pode ocorrer após o descumprimento de uma primeira intimação de forma injustificada - o que não ocorreu no caso de Lula.
O advogado Fernando Fernandes reforça esse entendimento: “Não existe previsão legal para a condução coercitiva sem prévia intimação e não comparecimento injustificado”. Ele explica que o Ministério Público Federal intimou o casal, que deveria ter sido ouvido nessa quinta-feira (3/3). Lula e sua mulher, Marisa, não compareceram, mas apresentaram uma justificativa. Assim, não seria possível, no caso, a condução coercitiva.
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Tadeu Rover e Giselle Souza – 04.03.2016.
IN Consultor Jurídico.