segunda-feira, 21 de março de 2016

‘As múltis só querem ficar com o filet mignon’


Guilherme Estrella – “Temos de gerenciar o pré-sal a longo prazo. Não interessa, com o barril de petróleo a US$ 30, exportar 1 milhão de barris. Para que abrir licitações agora? O país tem uma situação confortabilíssima de soberania energética. Isso não pode ser medido monetariamente. É um valor de sustentação do País“.

Antonio Pita e Fernanda Nunes
Após o Senado aprovar o fim da exclusividade da Petrobrás na liderança do pré-sal, o ex-diretor de Exploração e Produção da petroleira, Guilherme Estrella, que chefiou, de 2003 a 2012, a equipe que descobriu o pré-sal, disse em entrevista ao Estado torcer4 pelo veto da presidente Dilma Rousseff ao novo marco legal, que acaba com a obrigatoriedade de a estatal participar de todos os blocos do pré-sal. Para o geólogo que ingressou na estatal ainda monopolista de 1965, as multinacionais “só querem ficar com o filet mignon”. Disse ainda que “não pode uma empresa petrolífera ser gerenciada como um banco”. A seguir, os principais trechos da entrevista.

Estado – A Petrobrás correu risco investindo no pré-sal?
Estrella – Uma empresa privada não faria o que a Petrobrás fez. A quebra do monopólio foi em 1998. Qual a grande descoberta que essas empresas fizeram? Eu ficaria extremamente decepcionado, entraria em profunda depressão se o pré-sal tivesse sido descoberto por outra empresa que não a Petrobrás. Em frente a São Paulo, principal centro econômico brasileiro. Eu não saberia o que fazer.
(...)





Antonio Pita e Fernanda Nunes – 02.03.2016.
Guilherme Estrella – Ex-diretor de Exploração e Produção da petroleira, que chefiou, de 2003 a 2012, a equipe que descobriu o pré-sal.
IN O Estado de São Paulo.