terça-feira, 17 de maio de 2016

O nascimento do Brasil moderno


Angela Alonso – “Procuro mostrar que o movimento abolicionista teve impacto decisivo sobre o processo de abolição porque fez uma campanha pública, organizada, nacional e contínua, por duas décadas. Não é pouca coisa. Duas gerações de ativistas se envolveram. Eles não deram sossego ao sistema político, pressionaram de todas as maneiras, com eventos, publicações, processos judiciais, candidaturas parlamentares. Essas ações tiveram peso. (...) 
Não se pode tributar tudo o que se passa hoje a essa herança [da forma como se deu a abolição da escravidão sem reformas mais estruturais]. Há mecanismos sociais que fazem com que a desigualdade se reproduza no presente. É preciso identificálos e combatê-los. A desigualdade não é um destino".

Márcio Sampaio de Castro
No livro "Flores, Votos e Balas", pesquisadora Angela Alonso destaca influência de pensadores sobre a opinião pública O senso comum costuma atribuir o ocaso da escravidão no Brasil, nas décadas finais do século XIX, à emergência mundo afora de um capitalismo mais sofisticado, incompatível com o trabalho servil. Mais comum ainda é atribuir a abolição a um gesto de vontade palaciano endossado pela caneta da princesa Isabel (1846-1921). Recentemente, uma vertente da historiografia promoveu um resgate da memória dos levantes e fugas de negros escravizados, atribuindo-lhes um papel significativo para o esgotamento daquele sistema.
Em um momento de aparente desencanto com a política nacional e mobilizações populares, como as de junho de 2013 e as pró-impeachment da presidente Dilma Rousseff do início deste ano, a professora do Departamento de Sociologia da Universidade de São Paulo e presidente do Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento), Angela Alonso, procura demonstrar que um vigoroso movimento social esteve por trás dos debates e embates políticos que culminaram com a promulgação da Lei Áurea em 13 de maio de 1888.
Em seu novo livro, "Flores, Votos e Balas - O Movimento Abolicionista Brasileiro (1868- 88)" (Companhia das Letras, 568 págs., R$ 66,90), Angela destaca o papel que figuras como Luís Gama (1830-1882), José do Patrocínio (1854- 1905), André Rebouças (1838- 1898) e Joaquim Nabuco (1849-1910), entre outros, tiveram nas articulações que paulatinamente convenceram a opinião pública de que o instituto da escravidão não pertencia à ordem natural das coisas, mas se constituía em uma abominação no fim daquele século de tantos progressos. Na entrevista a seguir, a autora fala sobre a importância desse tipo de organização em momentos decisivos para a história do país.
(...)
Para continuar a leitura e ler toda a entrevista, acesse http://www.valor.com.br/cultura/4341512/o-nascimento-do-brasil-moderno   






Márcio Sampaio de Castro – 04.12.2015
Angela Alonso – professora do Departamento de Sociologia da Universidade de São Paulo e presidente do Cebrap.
In Valor Econômico, ed. Impressa.