A Pública analisou
todos os boletins de ocorrência das mortes cometidas por policiais militares em
2014: roubos motivaram 86% das operações letais; nesses casos, 17 PMs ficaram
feridos e nenhum morreu.
(...)
A letalidade também se concentra em áreas
mais pobres, como a região onde Israel e Cristian moravam. Os dez Distritos
Administrativos (DAs) mais ricos de São Paulo registraram 14 das 396 mortes,
3,5% do total. A concentração fica ainda mais evidente quando se leva em conta
a área desta região. Embora esses bairros ocupem uma área 17 vezes menor que o
resto de São Paulo, a taxa de mortalidade policial é 27 vezes menor. Ou seja,
há uma sobrerrepresentação desta violência nas periferias.
Foram
seis meses de pedidos pela Lei de Acesso à Informação para obter todos os 330
boletins de ocorrência (BOs) que resultaram em 396 mortes por intervenção
policial em São Paulo no ano de 2014. E mais dois meses para tabular as
informações que revelam padrões de atuação nas ocorrências em que a polícia
mata. Os dados foram fornecidos pelo Departamento de Inteligência da Polícia Civil
de São Paulo (Dipol) e incluem mortes provocadas tanto por policiais militares
em serviço como em folga.
O enredo de uma intervenção letal da Polícia Militar (PM) em São
Paulo começa com um homem jovem e negro suspeito do crime de roubo nas ruas da
capital paulista. A PM sai em perseguição e, quando o encontra, os policiais
são supostamente recebidos a tiros. Os PMs então “revidam a injusta agressão”,
no jargão dos boletins de ocorrência – ou seja, atiram de volta. E são
certeiros: poucos personagens dessa história sobrevivem. As armas das vítimas
da PM costumam ser de baixo calibre: apenas seis entre as 271 supostamente
apreendidas eram de alta potência, como fuzis ou escopetas. Percebemos também
que as intervenções ocorrem principalmente em locais afastados do centro
expandido, região que concentra as áreas mais nobres de São Paulo.
(...)
Para continuar a leitura, acesse http://apublica.org/2015/12/396-mortes-e-o-padrao-da-pm-paulista/
Ciro Barros, Iuri Barcelos, José Cícero da Silva – 10.12.2015.
IN A Pública.