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Enquanto
que Fernando Henrique Cardoso conseguia montar tal base parlamentar com algo
entre 3 e 5 partidos na Câmara dos Deputados, Lula passou a operar com um
número entre 5 e 7, ao passo que Dilma precisou de ainda mais. Ou seja, para
atingir os mesmos patamares de apoio legislativo, cada novo presidente
precisava contar com um número maior de aliados, coordenando-lhes e, claro,
recompensando-lhes pelo apoio emprestado. A proliferação de ministérios foi o reflexo
mais visível dessa necessidade de se recompensar um número cada vez maior de
parceiros para poder obter proporções similares de sustentação legislativa.
Qualitativamente,
a diferença concerne a duas dimensões: uma coletiva e outra das
individualidades agregadas, sendo que esta diz respeito ao perfil dos
parlamentares. Cada vez mais, os políticos formadores de opinião e os
formuladores de políticas públicas cedem espaço aos versados na arrecadação de
fundos de campanha, seja para si mesmos, seja para outros, ou da forma que for.
A eles se agregaram as celebridades e subcelebridades dos mundos midiático e
religioso –frequentemente, sendo de ambos.
O
antes chamado "alto clero" parlamentar foi, paulatinamente,
substituído por um "lumpemparlamentariado", para o qual até mesmo o
termo "baixo clero" elucida pouco.
Cláudio Gonçalves Couto
Devem estar desapontados
muitos dos cidadãos que foram às ruas de verde e amarelo, desde o início de
2015, clamando pelo afastamento de Dilma Rousseff –e, consequentemente, do PT–
do governo federal.
A decepção deve ser sentida ao menos por aqueles que se mobilizaram ativados,
mesmo que brevemente, pela crença de ser o partido de Lula o principal
responsável pelos descalabros da corrupção que se abatem sobre nosso país.
Afinal, a sucessão de problemas envolvendo membros do atual partido
presidencial –bem como de muitos de seus aliados na nem tão nova coalizão
governista– demonstra que os problemas de corrupção do Estado brasileiro vão
muito além dos erros cometidos pelo PT.
Os governos petistas, assim como os que lhes antecederam, tiveram que
governar mediante a montagem de amplas coalizões congressuais. Essa é a
essência de nosso sistema de governo, que é conhecido pela agora vulgarizada,
mas nem por isso errada, expressão "presidencialismo de coalizão".
Contudo, há diferenças quantitativas e qualitativas entre os Congressos
Nacionais com que tiveram de lidar os presidentes que nos governaram desde
1988. Quantitativamente, a principal diferença diz respeito ao número efetivo
de partidos com assento nas duas casas do Congresso e, consequentemente, com o
número de partidos necessários para montar uma coalizão majoritária.
(...)
Para continuar a leitura,
acesse http://noticias.uol.com.br/opiniao/coluna/2016/06/10/essencia-da-politica-brasileira-governar-por-coalizao-ja-da-sinais-de-fadiga-com-temer.htm
Cláudio Gonçalves Couto – Cientista Político e Professor da FGV-SP – 10.05.2016.
IN Uol.