terça-feira, 20 de setembro de 2016

Marcelo Semer: "Combater corrupção fragilizando a lei é o mesmo que apagar fogo com querosene"


Marcelo Semer – [A proposta das 10 medidas contra a corrupção] "É um desequilíbrio nunca antes visto na história legislativa. A proposta cria tipos penais, aumenta em muito os ônus, amplia a competência do MP, como no caso do acordo de leniência, da supervisão do teste de integridade, abre largos espaços para convalidação da prova ilícita. Ao mesmo tempo, fragiliza recurso, esmigalha o Habeas Corpus, esvazia o conceito da legalidade - com as restrições da declaração de nulidade - e formiga o instituto da prescrição".

Marcelo Semer
Nesta terça, 23, o Colunista do Justificando e Juiz de Direito Marcelo Semer participará da Comissão Especial na Câmara dos Deputados que trata das 10 Medidas de Combate à Corrupção. 
Semer, que é integrante da Associação Juízes para Democracia (AJD), afirmou que não basta ler o slogan "10 medidas contra corrupção" para ser favorável ou não à medida: "é de se estranhar não ter conseguido 20 milhões de assinaturas, nós temos muito mais pessoas contra a corrupção. Mas para entender essas medidas, não basta ler slogans. Eu sou juiz há 26 anos, quase 24 na área do Direito Penal e levei mais de uma semana para entender um pouco do projeto. É impossível 2 milhões de pessoas terem lido isso para concordar com as consequência".
"De tão volumoso é como se nós tivessémos diante de um código". Semer criticou que as 10 medidas mudam profundamente o Código de Processo Penal e, ao contrário dos procedimentos de debates desse último, passa sem filtros necessários pelas casas legislativas. 
(...)

 

 


Marcelo Semer – Juiz de Direito – 23.08.2016.
In Justificando.


Especialistas de peso condenam "medidas contra a corrupção" propostas pelo MPF


Todos são contrários à corrupção. O que muda é a forma de combatê-la.


Brenno Tardelli
No  dia 20 de março, o Ministério Público Federal (MPF) apresentou as "10 medidas de combate à corrupção", propostas que visavam, segundo o órgão, "aprimorar a prevenção e o combate à corrupção e à impunidade". Essas medidas foram propostas na forma de projeto de lei por iniciativa popular, que requer, ao menos, 1.5 milhões de assinaturas para que seja levada ao Congresso Nacional. Dentre os artigos da lei, o MPF pretende aumentar a pena da corrupção, diminuir o número de recursos e relativizar as nulidades processuais.
Apesar do discurso oficial, p pacote de propostas não foi bem recebido por especialistas da área. Neste mês, o Instituto Brasileiro de Ciências Criminais - IBCCRIM, organização que reúne grandes nomes na área criminal, publicou seu conceitual boletim com duro editorial contra as medidas propostas pelo MPF. O boletim ainda reúne dez artigos de especialistas de peso, como Rubens Casara, Alberto Silva Franco e Geraldo Prado, criticando o projeto.
(...)





Brenno Tardelli – s.d.
In Justificando.