a velha heterodoxia brasileira remonta a Celso Furtado e ao
estruturalismo latino-americano, que enfatizava a importância da
industrialização, do investimento e da produtividade. Mas a heterodoxia no
governo do PT foi mais centrada em reduzir desigualdade, expandir o bem-estar.
Infelizmente, negligenciaram a reconstrução da indústria.
(…)
Há mesmo um elemento religioso em muito da teoria econômica, quando se
acredita que há uma verdade única que deve ser aceita por todos. Há também,
sobretudo entre neoclássicos, a ideia de que os valores econômicos são os mais
importantes. Vemos muito disso no mundo atual, em que governos querem parar de
financiar departamentos de literatura e antropologia porque não trazem receita.
E terceiro, em termos práticos: o conhecimento está protegido das pessoas, com
toda a matemática, os modelos, o jargão, muitas coisas que nem eu entendo.
Assim, a economia neoclássica é como a igreja católica medieval, que recusava a
tradução da Bíblia para línguas vernaculares.
Diego Viana
Os
países desenvolvidos não enfrentaram os problemas revelados pela crise em 2008
e, por isso, estão expostos a um novo estouro de bolha, afirma o economista
coreano Ha-Joon Chang, PhD por Cambridge, onde ensina na Faculdade de Economia
e no programa de estudos do desenvolvimento. Quanto aos temores do mercado com
a desaceleração chinesa e a queda da bolsa em Xangai, Chang afirma que uma
recessão na China é improvável, mas o tombo financeiro deverá afetar a economia
real.
No ano
passado, Chang publicou no Brasil “Economia – Modo de Usar” (Companhia das
Letras, 464 págs., tradução de Isa Mara Lando e Rogério W. Galindo), em que
discute os principais conceitos da teoria econômica em um quadro de referências
das diferentes linhas de pensamento econômico – que, para ele, são “pelo menos
nove”. Conhecido como membro da escola institucionalista, Chang defende o uso
simultâneo de diversas tradições intelectuais, porque cada uma ilumina um
aspecto diferente da realidade.
Chang
lamenta que o Brasil não tenha tomado atitudes contra a desindustrialização,
que já se desenrola há três décadas. Para o economista, a indústria
manufatureira continua sendo a principal fonte de inovação e produtividade, que
em seguida se espalha para os demais setores.
(...)
Para continuar a leitura e ler toda a entrevista, acesse http://www.valor.com.br/cultura/4415048/turbulencia-vista-de-novo
(ou http://sicetel.org.br/sicetel2014/?p=9634
)
Diego Viana –
29.01.2016.
Ha-Joon Chang – Economista coreano PhD por Cambridge.
IN
Valor Econômico, impresso (republicado em Sicetel).