domingo, 4 de setembro de 2016

Turbulência à vista, de novo


a velha heterodoxia brasileira remonta a Celso Furtado e ao estruturalismo latino-americano, que enfatizava a importância da industrialização, do investimento e da produtividade. Mas a heterodoxia no governo do PT foi mais centrada em reduzir desigualdade, expandir o bem-estar. Infelizmente, negligenciaram a reconstrução da indústria. 
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Há mesmo um elemento religioso em muito da teoria econômica, quando se acredita que há uma verdade única que deve ser aceita por todos. Há também, sobretudo entre neoclássicos, a ideia de que os valores econômicos são os mais importantes. Vemos muito disso no mundo atual, em que governos querem parar de financiar departamentos de literatura e antropologia porque não trazem receita. E terceiro, em termos práticos: o conhecimento está protegido das pessoas, com toda a matemática, os modelos, o jargão, muitas coisas que nem eu entendo. Assim, a economia neoclássica é como a igreja católica medieval, que recusava a tradução da Bíblia para línguas vernaculares.

Diego Viana
Os países desenvolvidos não enfrentaram os problemas revelados pela crise em 2008 e, por isso, estão expostos a um novo estouro de bolha, afirma o economista coreano Ha-Joon Chang, PhD por Cambridge, onde ensina na Faculdade de Economia e no programa de estudos do desenvolvimento. Quanto aos temores do mercado com a desaceleração chinesa e a queda da bolsa em Xangai, Chang afirma que uma recessão na China é improvável, mas o tombo financeiro deverá afetar a economia real.
No ano passado, Chang publicou no Brasil “Economia – Modo de Usar” (Companhia das Letras, 464 págs., tradução de Isa Mara Lando e Rogério W. Galindo), em que discute os principais conceitos da teoria econômica em um quadro de referências das diferentes linhas de pensamento econômico – que, para ele, são “pelo menos nove”. Conhecido como membro da escola institucionalista, Chang defende o uso simultâneo de diversas tradições intelectuais, porque cada uma ilumina um aspecto diferente da realidade.
Chang lamenta que o Brasil não tenha tomado atitudes contra a desindustrialização, que já se desenrola há três décadas. Para o economista, a indústria manufatureira continua sendo a principal fonte de inovação e produtividade, que em seguida se espalha para os demais setores.
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Para continuar a leitura e ler toda a entrevista, acesse http://www.valor.com.br/cultura/4415048/turbulencia-vista-de-novo (ou http://sicetel.org.br/sicetel2014/?p=9634 )





Diego Viana – 29.01.2016.
Ha-Joon Chang – Economista coreano PhD por Cambridge.
IN Valor Econômico, impresso (republicado em Sicetel).