Ao governo, federal ou estadual, não é dado usar da força bruta para
calar e ferir quem o contesta nas ruas.
O plano de salvar a democracia do futuro limitando a do presente já
foi posto em prática em outras oportunidades no Brasil. Falhou miseravelmente
em todas elas.
O vandalismo de alguns protestantes não se responde com vandalismo
policial.
Conrado Hubner Mendes e Rafael Mafei Rabelo Queiroz
Hoje, domingo, 4 de setembro [de 2016], é a data marcada para a passagem
da tocha paraolímpica em São Paulo, ritual que celebra diversidade e superação.
É dia também de outra manifestação popular que contesta a legitimidade do
mandato do novo presidente da República e de seu anunciado pacote de reformas.
A Secretaria de Segurança Pública do governo do Estado de São Paulo
publicou, dias atrás, nota que proibia essa manifestação.
Mesmo que, mais tarde, tenha entrado em acordo para viabilizar ambos os
eventos em horários diversos, esse episódio é apenas mais um exemplo do quanto
o direito ao protesto está mergulhado em incerteza jurídica e arbitrariedade.
Temos urgência em estabilizar certos padrões formais e substantivos de ação que
nos protejam no exercício desse direito.
(...)
Para continuar a leitura, acesse http://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2016/09/1809960-o-vandalismo-dos-outros.shtml
Conrado Hubner Mendes – Professor doutor de direito constitucional da
Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo;
Rafael Mafei
Rabelo Queiroz – Professor doutor de teoria do direito da
Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo – 04.09.2016.
In Folha de São Paulo, Tendências e Debates.
Dona
Folha, tá difícil te defender
Não sei se por ignorância ou cinismo, a senhora ignorou o fato de a
Alemanha nazista não ter sido criada pelos "fanáticos da violência".
Como bem lembrou Bruno Torturra, a Alemanha nazista se consolida quando Hitler
culpa os tais baderneiros pelo incêndio do Reichstag e cria um Estado de
exceção com o objetivo de "reprimir baderneiros" – igualzinho a
senhora tá pedindo.
Quando o Reichstag pegou fogo, os jornais pediram medidas de
emergência contra os "baderneiros" em editoriais muito parecidos com
o seu. Hitler não teria ganhado terreno sem uma profusão de jornais pedindo
"mais repressão aos grupelhos" – jornais estes que, vale lembrar,
depois foram proibidos de circular.
Gregório
Duvivier
Dona Folha, tá difícil te defender.
Em seu editorial de sexta [02.09.2016], a senhora diz que se o
governo não souber "reprimir os fanáticos da violência", o Brasil
corre o risco de se transformar numa ditadura assim como aconteceu na
"Alemanha dos anos 30". À polícia do Estado de S. Paulo, que já não é
famosa pela gentileza, a senhora recomenda que "reprima" mais
duramente os "grupelhos extremistas" –porque senão os baderneiros vão
tomar o poder e transformar o Brasil na Alemanha nazista.
Concordo que existem muitas razões pra ter medo. Mas não pelas mesmas
razões. O vampiro que nos governa acaba de recriar o Gabinete de Segurança
Institucional. O ministro da Justiça pede menos pesquisa e mais armamento. Uma jovem perde um olho atacada pela polícia. Uma presidenta democraticamente eleita é derrubada
porque teria cometido um crime, mas não perde os direitos políticos porque
afinal ela não cometeu crime nenhum. O Senado que a derrubou por causa de
créditos suplementares muda a lei em relação aos créditos no dia seguinte à sua queda.
Concordo quando a senhora diz que uma ditadura se avizinha, mas discordo
que são os "black bloc" que vão tomar o poder.
(...)
Para continuar a leitura, acesse http://www1.folha.uol.com.br/colunas/gregorioduvivier/2016/09/1810271-dona-folha-ta-dificil-te-defender.shtml?cmpid=compfb
Para continuar a leitura, acesse http://www1.folha.uol.com.br/colunas/gregorioduvivier/2016/09/1810271-dona-folha-ta-dificil-te-defender.shtml?cmpid=compfb
Gregório Duvivier – Escritor e ator – 05.09.2016.
IN Folha de São Paulo.
IN Folha de São Paulo.