Ricardo
Paes de Barros – “A
escola tem que ser um lugar onde a gente reduz desigualdade e trata de maneira
diferente pessoas que precisam mais. Pegar os que entram em desvantagem e
tentar eliminar essa desvantagem, porque o objetivo final da escola não é lavar
as mãos e deixar que a desigualdade seja reproduzida. O objetivo da escola é
eliminar essa desigualdade inicial e fazer com que todo mundo saia igual, e aí sim ser meritocrático".
Lígia Guimarães
Para
Ricardo Paes de Barros, economista-chefe do Instituto Ayrton Senna e professor
no Insper, discutir meritocracia em um país tão desigual em oportunidades como
o Brasil não faz sentido. “Sem resolver a desigualdade de oportunidades, ficar
falando em meritocracia é piada. Como discutir o mérito de quem chegou em
primeiro lugar em uma corrida onde as pessoas saíram em tempos diferentes e a
distâncias diferentes?”, questiona Paes de Barros, um dos principais
especialistas em desigualdade social. “Não faz nenhum sentido discutir o mérito
em uma regata na qual os barcos não são iguais, ou em uma corrida de Fórmula 1
em que não se está sujeito ao mesmo regulamento.” Para ele, o país já avançou
ao reduzir a discriminação, que ocorria até nas escolas, contra alunos menos
favorecidos.
“No
passado havia ações, tradições e procedimentos que reforçavam a desigualdade
que vinha da família. Porque uma coisa é eu pegar uma criança de família
desestruturada e não conseguir ensinar. Outra coisa é dizer: não vou nem
ensinar esse aí, porque não aprende mesmo”. O professor ia para escola em um
bairro pobre e nem se esforçava muito em ensinar. Era discriminação”, afirma
Paes de Barros, que acredita que o que falta agora é discriminar os alunos
positivamente, dedicando a eles toda a atenção extra necessária.
Hoje,
diz, a sociedade considera natural a existência de “educação de pobre e
educação de rico”. Essa postura precisa ser combatida. “Você está naturalizando
o fato de que uma criança pobre pode aprender menos, e uma criança rica tem que
aprender mais. É o conformismo, o naturalismo”, afirma.
(...)
Para continuar a leitura, acesse http://www.valor.com.br/brasil/4419638/sem-igualdade-de-oportunidade-nao-ha-meritocracia ( ou em http://www.diariodocentrodomundo.com.br/essencial/
Ligia Guimarães –
02.02.2016.
Ricardo Paes de Barros –
Economista.
IN
Valor Econômico, ed. Impressa (republicado parcialmente em Diário do Centro do Mundo).