quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Se o Bolsa Família é compra de votos, qualquer outra política pública também seria



Repare: o efeito do programa [Bolsa-família] não é de troca, não é de 'vote em mim, senão você não vai receber o benefício'. Isso seria clientelismo. Agora, se o programa traz um resultado positivo para a vida das pessoas, algumas podem querer prestigiar o candidato do governo. Mas o efeito não é muito grande, não é determinante. Chamariam uma redução da inflação, que melhora a vida das pessoas, de compra de votos? Não chamariam. Por essa lógica, o Bolsa Família não é muito diferente. Senão, quase qualquer coisa que o governo faça seria compra de votos.

Ingrid Matuoka
Presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes voltou a associar o Bolsa Família à prática de compra de votos. Segundo o magistrado, o programa de transferência de renda, principal vitrine das gestões de Lula e Dilma Rousseff, foi usado para a perpetuação dos governos petistas.
"Com o Bolsa Família generalizado, querem um modelo de fidelização que pode levar à eternização no poder. A compra de voto agora é institucionalizada", afirmou Mendes, na sexta-feira 21.
Cientista político da Fundação Getúlio Vargas, Cesar Zucco há tempos estuda o impacto eleitoral do Bolsa Família nas eleições. Em 2014, cada ponto porcentual de cobertura do programa em um município rendeu, em média, 0,32 ponto porcentual na votação de Dilma naquela cidade.
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Ingrid Matuoka – 21.10.2016.
César Zucco – Cientista politico e professor da Fundação Getúlio Vargas.
IN Carta Capital.