Fruto do Parlamento — de seus vícios e suas taras —, o governo olha,
exclusivamente, para o Congresso. E se dedica aos mais que manjados mecanismos
de “convencimento parlamentar”: a cooptação e o fisiologismo. Não bastam. Esquece-se
da sociedade ou, antes, limita a sociedade aos ciclos, fóruns e reuniões
empresariais. Acredita fazer sucesso, sem saber que, na verdade, prega a
convertidos. Política de massas é ação mais ampla e complexa; requer comunicação,
convencimento, atração de lideranças.
Carlos Melo
Pode-se ser favorável às reformas e, eventualmente, simpático ao governo,
mas é necessário admitir o óbvio: nesta sexta-feira, o país parou. Por meio de
sindicatos, os contrários às reformas acionaram os mecanismos que controlam e fizeram
a paralisação que, de fato, teve feitio de Greve — que, se não foi Geral,
tampouco foi localizada. Não há eufemismo possível: o país parou e mandou um
recado claro: mudar o status quo não vai ser tão simples quanto o governo e o
mercado querem crer.
A adesão dos trabalhadores dos meios de transporte coletivo viabiliza a
greve; limita-se, no entanto, a greve a isto? Não. A paralisação do transporte
é uma fundamental mão na roda: como percorrer as longas distâncias nas grandes
cidades e chegar até o trabalho sem a condução? Mas, não foi apenas isso:
professores, mesmo das escolas particulares, aderiram e já haviam antecipado a
suspensão das aulas; em todo o país, bispos da Igreja Católica (CNBB) deram
apoio; outras categorias também pararam.
(...)
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Carlos Melo – Cientista Político – 29.04.2017.
IN Blog do Carlos Melo.