Em vez de demonstrar força, o discurso do "fico" forneceu
um atestado de fraqueza política. Em tom irritadiço, o presidente esbravejou e
elevou a voz, mas não esclareceu nenhuma das suspeitas que o cercam.
Bernardo Mello Franco
Michel Temer, o presidente sem votos, agora quer ser presidente sem
governo. Flagrado numa trama de corrupção e obstrução da Justiça, ele vê sua
autoridade se esfarelar em praça pública. Mesmo assim, insiste em se agarrar à
cadeira.
O governo começou a respirar por aparelhos na noite de quarta. Assim que
o diálogo com o
dono da JBS foi divulgado, aliados passaram a discutir
procedimentos para desligar as máquinas. As conversas avançaram pela madrugada
de Brasília.
Na residência do presidente da Câmara, quatro ministros discutiram as
exéquias do chefe. Todos trataram Temer como um cadáver político. Restaram
divergências sobre a forma de removê-lo do palácio: renúncia, impeachment ou
cassação no TSE.
(...)
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Bernardo Mello Franco – Jornalista – 19.05.2017.
In Folha de S. Paulo.
Aliança das empresas com o poder
político foi incapaz de estancar a sangria
Vitor Marchetti – “Claro que é importante [o papel da mobilização da
sociedade] e produz algum impacto no universo político, mas eu acho que este
jogo está sendo operado nos bastidores. Como quase sempre. Esses movimentos são
importantes para produzir pressão e desestabilizar alguns setores políticos,
mas boa parte das decisões impactantes é produzida em gabinete. E eu acho que,
neste momento, ainda mais. Esta aliança entre o setor produtivo e o Judiciário
põe a coisa ainda mais dentro do gabinete”.
Débora Melo
Diante da incapacidade de Michel Temer e seu grupo político de “estancar a sangria”
provocada pela Operação Lava Jato,
o setor produtivo brasileiro decidiu romper sua aliança com a classe política.
Esta é a análise que faz o cientista político Vitor Marchetti, professor da
Universidade Federal do ABC (UFABC), sobre o vazamento da delação de Joesley
Batista, um dos donos da JBS.
Temer foi gravado dando aval a Batista para a compra do silêncio
do deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). A gravação
foi feita em ação conjunta da Polícia Federal com a Procuradoria-Geral da
República. Para Marchetti, o que está em curso pode ser um novo pacto, desta
vez entre os agentes econômicos e o Judiciário.
Nesse cenário, diz o professor, o mais provável é que o "PIB"
busque novos parceiros para a concretização das reformas impopulares em
curso, como a da Previdência. "O principal indício disso, o mais
emblemático, é a reunião da ministra Cármen Lúcia com uma parte do PIB, feita
recentemente", afirma Marchetti.
(...)
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https://www.cartacapital.com.br/politica/alianca-das-empresas-com-o-poder-politico-foi-incapaz-de-estancar-a-sangria
Débora Melo – 19.05.2017.
Vitor Marchetti – Cientista Político, Professor da UFABC.
IN Carta Capital.