sábado, 20 de maio de 2017

Um zumbi no planalto


Em vez de demonstrar força, o discurso do "fico" forneceu um atestado de fraqueza política. Em tom irritadiço, o presidente esbravejou e elevou a voz, mas não esclareceu nenhuma das suspeitas que o cercam.

Bernardo Mello Franco
Michel Temer, o presidente sem votos, agora quer ser presidente sem governo. Flagrado numa trama de corrupção e obstrução da Justiça, ele vê sua autoridade se esfarelar em praça pública. Mesmo assim, insiste em se agarrar à cadeira.
O governo começou a respirar por aparelhos na noite de quarta. Assim que o diálogo com o dono da JBS foi divulgado, aliados passaram a discutir procedimentos para desligar as máquinas. As conversas avançaram pela madrugada de Brasília.
Na residência do presidente da Câmara, quatro ministros discutiram as exéquias do chefe. Todos trataram Temer como um cadáver político. Restaram divergências sobre a forma de removê-lo do palácio: renúncia, impeachment ou cassação no TSE.
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Bernardo Mello Franco – Jornalista – 19.05.2017.
In Folha de S. Paulo.



Aliança das empresas com o poder político foi incapaz de estancar a sangria


Vitor Marchetti – “Claro que é importante [o papel da mobilização da sociedade] e produz algum impacto no universo político, mas eu acho que este jogo está sendo operado nos bastidores. Como quase sempre. Esses movimentos são importantes para produzir pressão e desestabilizar alguns setores políticos, mas boa parte das decisões impactantes é produzida em gabinete. E eu acho que, neste momento, ainda mais. Esta aliança entre o setor produtivo e o Judiciário põe a coisa ainda mais dentro do gabinete”.

Débora Melo
Diante da incapacidade de Michel Temer e seu grupo político de “estancar a sangria” provocada pela Operação Lava Jato, o setor produtivo brasileiro decidiu romper sua aliança com a classe política. Esta é a análise que faz o cientista político Vitor Marchetti, professor da Universidade Federal do ABC (UFABC), sobre o vazamento da delação de Joesley Batista, um dos donos da JBS.
Temer foi gravado dando aval a Batista para a compra do silêncio do deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). A gravação foi feita em ação conjunta da Polícia Federal com a Procuradoria-Geral da República. Para Marchetti, o que está em curso pode ser um novo pacto, desta vez entre os agentes econômicos e o Judiciário.
Nesse cenário, diz o professor, o mais provável é que o "PIB" busque novos parceiros para a concretização das reformas impopulares em curso, como a da Previdência. "O principal indício disso, o mais emblemático, é a reunião da ministra Cármen Lúcia com uma parte do PIB, feita recentemente", afirma Marchetti.
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Débora Melo – 19.05.2017.

Vitor Marchetti – Cientista Político, Professor da UFABC.
IN Carta Capital.