Adrian Gurza Lavalle – “O Brasil está muito clivado. Há a novidade
histórica recente do país que é a clivagem ideológica. A direita, os
conservadores, estão organizados e vocalizando suas posições claramente. Essa
clivagem não tem a ver com classe social, ela é transversal e alinha grupos
sociais com posições econômicas diversas. Esse fator dividiu as ruas
brasileiras nos últimos anos. Por outro lado, as reformas podem fazer com que o
lado da chamada “esquerda social”, que ficou com pouca capacidade de atração de
segmentos populacionais mais amplos – basicamente por causa dos escândalos de
corrupção recentes –, ganhe força novamente. Nesta sexta-feira [Greve geral de
28.04.2017], a novidade foi que setores tradicionais do campo da esquerda, como
a CUT, conseguiram fazer com que outros setores, que estavam
dispersos, aderissem à greve”.
André de Oliveira
A despeito da popularidade em baixa, e de críticas às reformas
trabalhista e previdenciária por
parte de setores da sociedade, o Governo Temer mantém
seu cronograma de pautas no Congresso com sucesso. Sexta-feira, 28 [abril],
a greve geral chamada por centrais sindicais em diversos estados
brasileiros representou um teste de força para o avanço das reformas
encabeçadas pelo Governo. Adrian Lavalle, cientista político da
Universidade São Paulo (USP) e pesquisador do Centro Brasileiro de Análise e
Planejamento (Cebrap), conversou com o EL PAÍS para comentar as movimentações
sociais e o impacto que elas podem causar no andamento político de Brasília.
Leia abaixo os principais trechos da entrevista.
Pergunta. Segundo
pesquisa divulgada nesta semana pelo Instituto Ipsos, o apoio ao
Governo Temer caiu para cerca de 4%, enquanto 92% dos brasileiros
acham que o país está no rumo errado. Qual é o impacto real que esses índices
têm sobre Brasília?
Resposta. Não existe
nenhuma regra automática de conversão dos clamores populares na atuação dos
políticos. Enquanto o mundo da política tem suas próprias regras, lógicas e
interesses, os atores sociais com capacidade de mobilização também. Esses
universos só se encontram quando as ruas vão de encontro aos interesses
políticos, como aconteceu no caso do impeachment
de Dilma Rousseff. Naquele caso, os políticos se arvoraram no papel
de intérpretes dos anseios populares. Agora, o discurso mais comum é que as
mobilizações, como as que ocorreram nesta sexta-feira, sejam tachadas de
baderna.
(...)
Para continuar
a leitura, acesse http://brasil.elpais.com/brasil/2017/04/29/politica/1493419881_012317.html
André de Oliveira – 30.04.2017.
Adrian
Gurza Lavalle – Cientista Político.
IN El País Brasil.